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22 de setembro de 2009

Mariana defende o ''criacionismo'', depois nega

Num sinal de que vai trabalhar para se desvencilhar da imagem conservadora nas eleições de 2010, a senadora Marina Silva (PV-AC) negou ontem que tenha defendido publicamente o criacionismo, propôs a realização de um plebiscito sobre a descriminalização do aborto e afirmou que nunca teve uma posição radicalmente contrária aos transgênicos. Evangélica, Marina é missionária da Assembleia de Deus e acumula em seu currículo batalhas como o combate à Lei de Biossegurança, que regulamentou o uso de transgênicos, e pesquisas com células-tronco no Brasil.

Apesar de desviar sucessivamente do rótulo de candidata na entrevista, Marina falou durante todo o programa como quem está decidida a concorrer em 2010. E reagiu às sucessivas perguntas sobre temas relacionados à sua religiosidade. "Quando eu fazia campanha para o presidente Lula, eu era escalada para tentar desmistificar a ideia de que ele, se ganhasse, seria contra a família, a igreja. Agora, estou tendo de me explicar porque tenho espiritualidade", queixou-se Marina. "As pessoas terem espiritualidade não significa que sejam obscurantistas."

Marina se viu em meio à polêmica sobre o criacionismo após participar de um seminário sobre o tema, em 2008. Na ocasião, a então ministra teria dito que é favorável a que a versão bíblica sobre a criação do mundo seja ensinada nas escolas ao lado do evolucionismo de Charles Darwin. Ao participar ontem do programa Roda Viva, da TV Cultura, Marina afirmou que jamais fez essa defesa e disse ter havido um "equívoco". "Colocaram esse debate na minha boca", afirmou.

A senadora disse que foi mal compreendida após ser questionada sobre o fato de escolas adventistas incluírem no currículo o estudo do criacionismo. Ela destacou que, ao falar especificamente dessas instituições, declarou que os jovens poderiam fazer a escolha que julgarem mais sensata. "Eu nunca defendi o criacionismo", continuou a senadora. "Eu acredito em Deus e que Deus criou todas as coisas. Só isso."

Marina, que entre amigos não esconde sua posição contrária ao aborto, evitou ontem polemizar sobre o assunto. Admitiu que esse debate envolve questões de saúde pública, mas disse que a complexidade do tema demanda uma discussão mais aprofundada. "Eu acho que deveria haver sim um plebiscito", prosseguiu. "Não posso simplesmente dizer que sou contra ou a favor." Marina acrescentou que não tem a visão dos que "simplesmente ficam satanizando" mulheres que recorrem a essa prática.

Por outro lado, a senadora colocou-se contra a descriminalização da maconha. Mas, ao comentar seu relacionamento com o colega de partido Fernando Gabeira (PV-RJ), que é favorável à tese, disse não condicionar suas alianças políticas a esse posicionamento. "Sou contrária à descriminalização, inclusive conversei sobre isso com o Gabeira. Mas o fato de ter uma posição contrária não me impediu de fazer a campanha para ele no Rio."

Marina também procurou explicar o fato de ter votado contra a Lei de Biossegurança. No caso dos transgênicos, por exemplo, a ex-ministra disse que era a favor de que o Brasil adotasse um modelo que contemplasse tanto o uso de sementes transgênicas quanto convencionais. "Eu não era contra um modelo em que existissem transgênicos. Eu era a favor de um modelo de coexistência", afirmou. Ela argumentou que pesquisas recentes demonstram, por exemplo, que o efeito da seca na soja transgênica é maior do que nas sementes convencionais.

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