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31 de março de 2010

A marmita azeda da Marina

A senadora Marina Silva, pré-candidata do PV (Partido Verde) à Presidência, deve apoiar Aécio Neves (PSDB-MG) e Itamar Franco (PPS-MG) caso os dois concorram ao Senado em Minas Gerais.

"Vamos apoiar os dois", diz o vereador Alfredo Sirkis, coordenador da campanha de Marina. "O PV vai lançar candidato apenas ao governo estadual em Minas

Marina vai a Minas no dia 9, para o lançamento da candidatura do deputado José Fernando Aparecido ao governo do Estado. "Existe a possibilidade de ela ir a Juiz de Fora para encontrar o Itamar", diz Sirkis.

22 de março de 2010

Telebrás volta ao índice

Passada uma década, a ação da Telebrás pode voltar ao Índice Bovespa, com uma participação de 1% no indicador. A diferença é que hoje a companhia é uma casca, sem nenhuma atividade desde a privatização do sistema de telecomunicações, em 1998, cheia apenas de expectativas geradas pelas declarações do governo de que a empresa pode ser usada no pretenso Plano Nacional da Banda Larga (PNBL). O balanço de 2009, publicado há duas semanas, mostra que a empresa tem mais passivos do que ativos: o patrimônio líquido estava negativo em R$ 16,3 milhões.

O retorno da Telebrás ao Ibovespa é estimado por analistas que tentam, com o uso do modelo matemático do índice, antecipar a composição da principal carteira teórica da bolsa brasileira. Além da estatal, acredita-se que podem ingressar no indicador também Brasil Ecodiesel, Cielo (ex- VisaNet) e Laep. Contudo, recibos de ações de empresas com sede fora do Brasil não podem compor o índice - como é o caso da Laep.

O ingresso ou a saída de um papel no Ibovespa dependem, quase que exclusivamente, da liquidez da ação. Desde setembro do ano passado, as ações da Telebrás vêm sendo mais negociadas, estimuladas pelas declarações de representantes do governo, que incluem o próprio presidente da República, sobre o PNBL. As afirmações atiçaram as apostas de que a empresa seria beneficiada com o plano

Após a privatização, as ações da companhia foram transformadas num recibo com os papéis das empresas repartidas para o leilão. Em maio de 2000, cada uma delas passou a ser negociada individualmente. Na época, o recibo chegou a ter peso superior a 46% no índice.

De janeiro a setembro do ano passado, as ações da Telebrás giravam ao dia uma média de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões. Esse volume subiu para R$ 14 milhões a partir de setembro e, no começo deste ano, a movimentação diária superou os R$ 110 milhões.

O aumento da negociação veio acompanhado da valorização dos papéis. Mesmo sem qualquer fonte de receitas, uma vez que não possui atividade, a Telebrás vale R$ 1,8 bilhão na bolsa - chegou a R$ 2,5 bilhões no auge dos comentários sobre o PNBL, em fevereiro.

No entanto, até o momento, não há nada de concreto sobre o PNBL. Menos ainda sobre a certeza de que a Telebrás será o veículo dessa iniciativa. No início de fevereiro, o próprio Ministro das Comunicações, Hélio Costa, enviou nota à Telebrás afirmando que até o momento não havia nada que garantisse a participação da empresa no programa. Também não havia como determinar quais seriam as potenciais atribuições da empresa.

A perspectiva da chegada da Telebrás ao Ibovespa está desagradando os gestores de fundos de ações que seguem à risca o indicador, as chamadas carteiras passivas, e que serão obrigados a comprar o papel caso se confirme seu ingresso no índice. A próxima carteira será válida de maio a agosto e sua composição deve ser previamente conhecida no começo de abril.

Os gestores estão cientes do risco que a Telebrás representa, pois a empresa chega movida a planos ainda não concretizados ou conhecidos. Ele sabem que a compra obrigatória ocorreria no momento que as ações estão valorizadas e poderiam representar a chance de venda para quem especulou com as declarações públicas.

"Na prática, é transferência de riqueza", avalia Ricardo Almeida, professor do Insper. Segundo ele, a entrada da Telebrás no Ibovespa é prejudicial, especialmente para a pessoa física que prefere os fundos passivos, tipicamente ofertados no varejo. "O Ibovespa deve refletir o andamento da economia."

É a ponderação do Ibovespa por liquidez que causa distorções como a da Telebrás, ressalta Jorge Simino, diretor de investimentos da Fundação Cesp. "Se a ponderação fosse feita pelo valor de mercado, como ocorre com a grande maioria dos índices no mundo, a Telebrás dificilmente teria condições de fazer parte do Ibovespa", diz. Esse tipo de deficiência fez com que os investidores institucionais aos poucos passassem a usar o Índice Brasil (IBrX) como referência. "Há dez anos, a maioria dos fundos de pensão usava o Ibovespa, hoje pelo menos a metade já usa o IBrX". Ele acredita que o ingresso no Ibovespa fará a Telebrás ter uma nova onda de liquidez, movida exatamente pela compra por parte dos fundos de ações passivos.

A metodologia do Ibovespa prevê exceção - para não inclusão das mais negociadas - quando forem empresas em processo falimentar, recuperação judicial ou "situação especial". Contudo, o regulamento não explica este último item. Para Almeida, do Insper, a Bovespa deveria usar essa prerrogativa para evitar o ingresso da Telebrás e garantir a proteção ao investidor. "Do contrário, seria premiar o especulador."

Mas para Ricardo Pinto Nogueira, diretor da corretora Souza Barros e ex-superintendente de operações da Bovespa, a Telebrás não deve se encaixar na categoria de situação especial. Ele lembra que, na época em que estava na bolsa, considerou-se a Embratel nessa situação. A empresa tinha a intenção de fechar o capital, inclusive fez uma oferta pública de ações (OPA). No entanto, não pôde seguir com o projeto, uma vez que a legislação do setor de telefonia proíbe que companhias privatizadas fechem o capital, explica Pinto Nogueira.

Já sobre a questão do Ibovespa ter uma companhia com patrimônio negativo, Pinto Nogueira afirma que não é a primeira vez que isso acontece. Em 2002 e 2003, várias empresas de energia que estavam com o patrimônio negativo faziam parte do indicador. No entanto, todas eram companhias operacionais. "É difícil a bolsa só agora vetar uma companhia que esteja nessas condições". Uma forma legítima de impedir que a Telebrás entre no índice seria argumentar que ainda é negociada por lote de mil ações, enquanto todas que estão no indicador são unitárias. "A bolsa pode argumentar que a entrada da Telebrás seria depreciativo para o índice, além disso, a companhia não seguiu uma orientação da bolsa para as empresas transformarem suas ações em unitárias", diz Pinto Nogueira.

Consultada, a BM&FBovespa informou por e-mail, que o Ibovespa é o principal indicador do mercado há 42 anos e a razão de sua credibilidade são as regras claras que o regem nesse período. "Contudo, isso não impede que haja um processo de aprimoramento", diz.

18 de março de 2010

Durma-se com esse barulho

Prepare seus ouvidos. A velha e boa lei do Psiu não existe mais. Uma nova foi aprovada.

Os vereadores resolveram diminuir a multa, aumentar o prazo para interdição de estabelecimentos, acabar com a denúncia anônima e exigir que a avaliação do ruído seja feita na casa de quem reclamou.

A fiscalização vai ter que reunir, na hora de medir o barulho, o dono do estabelecimento denunciado, a pessoa que fez a denúncia e testemunhas.

Anteriormente o denunciante não precisava se identificar e media-se o nível de ruído na porta do local acusado de passar dos limites, fosse bar ou igreja.

Foi justamente um vereador preocupado em ajudar igrejas quem tomou a iniciativa da mudança. Chama-se Carlos Apolinário (DEM), e faz tempo que tenta livrar os templos do risco de serem multados.

Já tinha criado regra para retirar as igrejas do Psiu, mas ela foi derrubada pela Justiça. Resolveu então aliviar todo mundo.

O prefeito Gilberto Kassab bem que tentou evitar a reviravolta. No ano passado ele vetou a nova lei. Mas a Câmara Municipal derrubou o veto.

Há quem reclame de excesso de rigor da fiscalização da prefeitura e acuse a existência de uma "indústria da multa".

É claro que exageros desse tipo são condenáveis. Há casos em que o infrator deveria ser apenas alertado. A lei, afinal, tem também uma finalidade educativa.

Outra coisa é criar tantas dificuldades para multar. Quem sai ganhando são os estabelecimentos que desrespeitam as regras. E quem perde é o cidadão que tem o direito de dormir em paz.

13 de março de 2010

Brasil pós-Lula é tema de debate em Berlim


Brasileiros acham que país manterá continuidade nos âmbitos interno e internacional. Alemães anseiam por mais cooperação. E há quem acredite que Lula voltará ao poder muito antes do que se pensa.

Lula voltará daqui a quatro anos à presidência. A previsão é do cientista político Lucio Rennó, do Instituto Giga (German Institut of Global and Area Studies), de Hamburgo, e foi lançada durante o seminário "Brasil em ano eleitoral o que vem depois de Lula?", promovido em Berlim na quinta e sexta-feira (11-12/3) pela Fundação Konrad Adenauer e a Sociedade Brasil-Alemanha, que comemora 50 anos de fundação.

A visão do pesquisador brasileiro serviu para instigar o debate de uma das mesas redondas do evento. "A função do cientista político é fazer prognósticos e também provocar. Essa foi minha intenção e acho que tive pleno sucesso", reconheceu, pouco depois que outro integrante da mesa de discussões, o deputado federal Rodrigo Maia, presidente do DEM, acusou a tese de ser mais digna de sair da boca de um "vidente" do que de cientista político. Folha

11 de março de 2010

Vítimas das chuvas ainda vivem em contêiner em Atibaia (SP)

No contêiner de 14 m2 em que a diarista Valéria de Jesus, 28, vive há quase dois meses com sua filha Dara, 6, as cadeiras ficam em cima da mesa porque não há espaço no chão. Banheiro, só do lado de fora. Mesmo assim, ela considera o local "praticamente uma mansão".

O mesmo não pode dizer sua mãe, Aparecida Cunha, 58, que divide seu contêiner com oito pessoas. A moradia é uma das duas que têm banheiro, mas a comodidade reduz o espaço do cômodo. "Aqui é assim: quando um entra, outro tem de sair", brinca. "Mas está muito bom."

Desabrigadas após a cheia do rio Atibaia, que dá nome à cidade, 12 famílias estão desde 17 de janeiro nos contêineres --cada uma em um. Outras 90 estão numa escola e num ginásio.

Atibaia chegou a ter 900 famílias fora de suas casas devido à cheia --causada, segundo elas, pelo excesso de chuvas e por falha na abertura das comportas do sistema Atibainha pela Sabesp, feita quando a represa já estava cheia. O nível, que chegou a 101%, hoje está em 85%. A Sabesp diz que administrou "da melhor forma possível" a abertura das comportas.

Todos os moradores ouvidos disseram que a vida nos contêineres é muito melhor do que a que levavam antes. Eles viviam em Caetetuba, bairro pobre em área de risco, boa parte em barracos de madeira. Alguns perderam tudo.

"Diziam que seria horrível vir para cá, que esquentava e ficaríamos 'enlatados'. Mas não é nada disso", diz Valéria. Segundo a prefeitura, as estruturas são térmicas. Cada contêiner tem ainda duas janelas.

O grupo deve ficar ali, diz a prefeitura, até abril, quando está prevista a entrega de casas provisórias de madeira na mesma área. Apartamentos definitivos devem ser entregues em até dois anos.

Jarbas atrela definição de candidatura em Pernambuco à de Serra ao Planalto

A confirmação do governador José Serra (SP) de que só deixará o governo em 30 de março para se lançar à disputa pela Presidência, feita ao presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), deflagrou diferentes reações de aliados. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) divulgou nota tornando clara a vinculação de sua candidatura a governador à de Serra. Avisa que vai decidir se concorrerá em Pernambuco só depois que Serra fizer o mesmo, em relação ao Planalto. É uma espécie de satisfação a seus aliados no Estado, que o pressionam a tomar uma decisão.

Jarbas, que governou Pernambuco por duas vezes, tem mais quatro anos de mandato no Senado. Está disposto a concorrer novamente ao governo contra o atual governador, Eduardo Campos (PSB), para montar um palanque eleitoral para Serra. Mas prefeitos e outras lideranças aliadas da oposição no Estado, desmotivados com a falta de uma campanha presidencial, estão desarticulados e sujeitos à atração das forças ligadas ao governo.

Já pensando em tornar suas ações mais efetivas e unificar o procedimento dos aliados, as lideranças do PSDB, do DEM e do PPS na Câmara e no Senado reuniram-se para retomar uma agenda no Congresso. "Estávamos dispersos", disse Guerra. Uma das decisões é de "restabelecer o confronto do cumprimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)", segundo o presidente do PSDB. Grupos devem visitar obras para provar - e denunciar - atrasos e irregularidades. "Vamos desmontar a fraude", disse Guerra.

O PSDB quer pôr fim à pressão para que Serra antecipe o lançamento de sua candidatura, já que a gestão terminará em 20 dias, período no qual o governador quer participar de inaugurações de obras.

"Há tempo. A pré-campanha mesmo só começa em 3 de abril. Serra vai poder resolver problemas pendentes nos Estados e começar efetivamente a organizar os grupos de trabalho e montar as bandeiras do seu governo", diz a senadora Marisa Serrano (PSDM-MS), vice-presidente do partido e envolvida nas articulações dos palanques estaduais. Ela diz que 80% dos casos estão resolvidos, Serra terá palanque nos 27 Estados e o PSDB terá 15 candidatos próprios.

Na reunião de ontem, os partidos determinaram a técnicos a realização de um "levantamento integral" das obras do PAC nos Estados, para verificar as que estão em andamento ou atrasadas. As mais emblemáticas serão visitadas por uma comissão, com a tarefa de fotografar e filmar. O material será divulgado e as supostas irregularidades serão denunciadas da tribuna.

Os três partidos aliados da candidatura tucana à Presidência também pretendem aprofundar a investigação do esquema de desvio de recursos da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) para supostamente abastecer campanhas eleitorais do PT.

8 de março de 2010

As obras eleitoreiras de Serra para angariar votos...

O ritmo de trabalho no canteiro de obras próximo à Ponte Velha Fepasa, na Marginal do Tietê, denuncia a pressa em concluir a nova pista. “Aceleramos o passo para . Precisamos cumprir o prazo”, diz um dos funcionários.entre janeiro e fevereiro o grupo de 40 homens que trabalha no local afirma ter parado por 25 dias. Marcada para ser entregue pelo governo estadual no próximo dia 27, a nova pista da Tietê faz parte do pacote de inaugurações previstas para o mês. Além dela, o Trecho Sul do Rodoanel e mais duas estações do metrô, Paulista e Faria Lima, ambas da Linha 4-Amarela, também devem ser entregues.

“Toda a nossa previsão é para o mês. Mas é claro que as inaugurações e o andamento das obras dependerão das chuvas. Mesmo assim, contamos com tudo pronto até o fim de março”, espera Paulo Vieira de Souza, diretor de engenharia da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), empresa ligada ao governo estadual e responsável pelas obras da Tietê e alça sul do Rodoanel, ambas com entrega marcada para o dia 27.

De acordo com o Sindicato da Construção Pesada de São Paulo (Sinicesp), nenhuma das empresas contratadas para a execução das obras relatou pressão para o cumprimento da meta.

A corrida para manter o cronograma de entregas do Estado está alinhada com o calendário político do governador e pré-candidato à Presidência José Serra (PSDB). Em 26 dias - a data limite para Serra deixar o cargo é 2 de abril - ele deverá se desligar do governo estadual e assumir a condição de candidato. “Existe uma característica nacional dos governantes de deixar as grandes inaugurações para o final do mandato. Ninguém quer deixar o bônus para o sucessor”, afirma o historiador Marco Antonio Villa.

O cientista político Rafael Cortez acredita que o então governador utilizará as obras como vitrine para a sua candidatura. “Todas as obras de transporte serão utilizadas pelos tucanos. Até porque, problemas e melhorias no transporte e viário da cidade são sensíveis à população.” No entanto, Cortez pondera que obras desse porte necessitam de tempo.

Impacto no viário

Ainda não há dados oficiais que mensurem o impacto do conjunto de inaugurações para o tráfego na cidade. A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), prevê que 43 mil usuários utilizem diariamente a Estação Faria Lima e 157 mil, a Paulista. Já a Secretaria Estadual de Transportes garante que, após a ampliação, os 23 quilômetros de extensão da Marginal do Tietê, que recebem 700 mil veículos por dia, terão apenas 80% de saturação - livrando, por algum tempo, o usuário de congestionamentos.

“As obras são sempre bem-vindas. O que acontece de modo geral é que temos o costume de fazê-las só depois que os problemas acontecem”, diz o urbanista e arquiteto Valter Caldana.

A expectativa com a liberação dos 61,4 quilômetros do Trecho Sul do Rodoanel, segundo a pasta municipal de Transportes, é a retirada de 40 mil caminhões da cidade. Hoje, 91 mil veículos pesados trafegam diariamente pelas principais vias da capital.

4 de março de 2010

Indenização milionária em Manaus

Desapropriação rende R$ 6,5 milhões a secretário municipal

O prefeito de Manaus (AM), Amazonino Mendes (PTB), assinou ontem um acordo extrajudicial que permite o pagamento de R$ 6.577.166,07 ao juiz aposentado Raphael Siqueira, que é secretário municipal e exerce o cargo de presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transportes (IMTT).

De acordo com a prefeitura de Manaus, o valor é referente à indenização pela desapropriação de um terreno na estrada do conjunto habitacional Manoa, no bairro Colônia Santo Antônio, que pertence a Siqueira. A briga judicial pelo terreno vinha se arrastando há 22 anos entre o secretário e o município.

Pelo acordo, os R$ 6,577 milhões serão pagos a Siqueira em dez parcelas mensais de R$ 437.716,60. O secretário já recebeu a primeira parcela (R$ 2,2 milhões) dois meses antes de assumir o cargo no IMTT, nomeado por Amazonino.

O valor do acordo foi acertado inicialmente em R$ 4,5 milhões em 1993. Aumentou com a aplicação de uma taxa pelos meses de atraso, com a suspensão do pagamento.

Após Amazonino deixar a prefeitura de Manaus, em 1994, para concorrer às eleições ao governo do estado, seu sucessor, Eduardo Braga, suspendeu os pagamentos, o que gerou disputa judicial. Depois, outros três nomes ocuparam a prefeitura (Alfredo Nascimento, Luiz Alberto Carijó e Serafim Corrêa), e nenhum fez acordo com Siqueira. O caso era sempre tratado pela Procuradoria Geral do Município.

Siqueira foi procurado, mas não quis falar sobre o assunto. Na prefeitura de Manaus, o porta-voz do órgão, Cristovam Nonato, prometeu retornar a ligação, mas não o fez até ontem à noite.

Segundo o vereador de oposição Marcelo Ramos (PSB), parte do terreno reivindicado fora vendida por Siqueira a um homem chamado José Geraldo de Freitas. O parlamentar pediu hoje, na Câmara de Manaus, que ele seja chamado para depor. Até dezembro, Freitas não havia sido encontrado. Ramos disse que o pagamento dos R$ 6,57 milhões, somados a R$ 1,6 milhão que Siqueira recebeu entre 1993 e 1994, representa quase seis vezes o valor inicial estimado pela prefeitura.

- É uma afronta à população - disse.

No governo Serra, Ricos sofrem com alagamentos e roubos

Os casos de roubos a residências triplicaram no Morumbi, bairro dos ricos e da nata paulistana, nos dois primeiros meses deste ano em comparação com igual período de 2009. Foram 30 casos contra 10. O Jornal da Tarde obteve os números de ocorrências desse tipo em 20 delegacias de bairros nobres da capital (veja quadro abaixo). Em 12 dos distritos policiais houve aumento dos casos, mas há regiões com queda significativa, como os Jardins. No total, são 132 ocorrências no primeiro bimestre de 2009 contra 136 neste ano.

Os dados mostram que no primeiro bimestre deste ano ocorreram 22 roubos a residências na área do 34º DP (Morumbi). No mesmo período do ano passado, foram registrados 3 casos. Um dos últimos ataques foi à mansão do empresário Sílvio Santos, dono do SBT, assaltada na noite do dia 13 de fevereiro, um sábado. Já na área do 89º DP (Portal do Morumbi), a polícia contabilizou 8 assaltos em janeiro e fevereiro deste ano contra 7 nos dois primeiros meses do ano passado. A PM diz que faz operações diariamente no Morumbi (leia abaixo).

O levantamento das ocorrências no 34º DP aponta ainda que neste ano a sexta-feira foi o dia preferido dos ladrões para invadir casas do Morumbi que estão na área do distrito. Foram seis casos registrados. A Polícia Civil registrou quatro roubos às terças-feiras; quatro às quintas-feiras; quatro aos sábados; dois às segundas-feiras; um na quarta-feira e um domingo. Já no primeiro bimestre de 2009, dos três roubos na região do 34º DP, um foi em uma segunda, um na quarta e um no sábado.

Assim como possui dois distritos policiais, o bairro também conta com dois Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs). A presidente do Conseg do Morumbi, Júlia Titz Rezende, diz que as áreas com maior incidência desse tipo de roubo são o Jardim Rolinópolis, quase na divisa com o Butantã, e a região próxima ao estádio do São Paulo, nas proximidades com a Favela de Paraisópolis.

Segundo Júlia, a Polícia Militar intensificou o patrulhamento preventivo no bairro, prendeu algumas quadrilhas e sempre faz reuniões semanais para planejar operações contra os ladrões. Ela acrescenta que os moradores também precisam ajudar e tomar algumas precauções, como instalar mais equipamentos de segurança nas casas e ter cuidado ao contratar empregados, procurando sempre obter referências e acesso às fichas de antecedentes.

Já o presidente do Conseg do Portal do Morumbi, Celso Neves Cavallini, de 65 anos, afirma que os ladrões de casas costumam ter informações de suas vítimas. “A PM faz o patrulhamento preventivo, mas é difícil coibir este tipo de crime. Os ladrões são organizados, planejam a ação, sabem onde vão atacar, conhecem a rotina das vítimas, quantos empregados trabalham e quantas pessoas moram na casa”, argumenta.

Cavallini cita como exemplo de informação privilegiada o roubo à casa do apresentador Silvio Santos. Segundo ele, os bandidos sabiam com detalhes chegar à residência do dono do SBT. “Eles entraram pelo Colégio Pio XII, caminharam até a casa das freiras e pularam o muro da casa de Silvio Santos. Meus filhos estudaram no colégio. Participei de muitas festas lá. Eu não conhecia e pouca gente conhece esse caminho”, disse.

Ao contrário do Morumbi, os roubos a residências diminuíram nos Jardins, zona oeste, passando de quatro, no primeiro bimestre de 2009, para nenhum em janeiro e fevereiro deste ano. Situação semelhante ocorreu em Perdizes. Foram cinco casos em 2009 e só 1 neste ano (leia texto ao lado).

3 de março de 2010

Para DEM, Aécio não seria vice, mas ''sócio''

Dando início à romaria de líderes aliados que tentarão sensibilizar o governador mineiro Aécio Neves (PSDB) a aceitar a vaga de vice numa chapa encabeçada por José Serra, o líder do DEM, deputado Paulo Bornhausen (SC), disse ontem que numa eventual vitória tucana, o mineiro seria como um "sócio" do presidente eleito. "Eu diria que seriam dois presidentes tocando o Brasil para frente. Aécio Neves jamais será um vice, ele será um sócio do presidente."

Na reunião de cerca de uma hora, Aécio reafirmou que sua intenção é disputar uma cadeira no Senado. "Vi muito firme na figura do governador Aécio o seu compromisso com Minas. Eu diria que é um forte indicativo de que ele tem vontade realmente de participar dessa eleição como candidato a senador", disse o líder do DEM.

Embora tenha classificado uma chapa com a presença de Aécio como um "meio boi" para a vitória, Bornhausen procurou não melindrar o governador e disse que "ele é o senhor da sua decisão". Mas pediu que Aécio reflita bem e "que possa fazer para o Brasil e por Minas o que for melhor" para a oposição. "O candidato das oposições, para ganhar em Minas, precisa do Aécio diuturnamente fazendo campanha."

Para Bornhausen, o triunfo na eleição passa por um bom desempenho no Estado e Aécio "sabe disso". "E ele vai escolher o melhor papel para desenvolver. O mineiro tem o seu sentimento. O Aécio, até há poucos meses, era pré-candidato a presidente da República. Havia uma grande empolgação em Minas", destacou.

A pressão para que Aécio seja vice de Serra já contamina até integrantes do PSDB mineiro. O líder da maioria na Assembleia, deputado Domingos Sávio, disse ontem que Serra e lideranças dos partidos oposicionistas precisam empreender uma "convocação nacional" para que o governador mude de ideia. "Acho que ele (Aécio) está sensibilizado porque ele é um homem que tem uma visão de País", afirmou. "Os verdadeiros estadistas, e eu incluo o Aécio, têm uma visão de País como um todo."

Os cortejos ao governador mineiro devem continuar durante esta semana, que marca o centenário de nascimento de Tancredo Neves.

Lula apela contra 'terrorismo' eleitoral

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que as eleições de outubro não podem mais causar qualquer cenário de "terrorismo" no Brasil. A declaração do presidente tinha como alvo as possíveis oscilações nos mercados financeiros provocadas por pesquisas eleitorais que apontam queda ou alta de determinados candidatos.

"Não existe a possibilidade de quem quer que seja estragar o que está acontecendo neste país", afirmou o presidente. "Não acreditem e não aceitem aquela ideia imbecil que se falava neste Brasil, que se ganhar fulano vai estragar tudo. Não existe essa hipótese. Fizeram muito terrorismo contra mim durante as eleições que disputei."

"O natural é fazer mais e fazer melhor" , afirmou Lula, em relação às ações do governo, sobretudo no combate à crise financeira mundial. Segundo ele, a equipe econômica fez apenas o óbvio para tirar o Brasil da crise. O presidente ainda aproveitou para alfinetar os países desenvolvidos. "A verdade é que o Brasil estava mais preparado e consciente. Se o mundo tivesse dado os passos que o Brasil deu, o Lehman Brothers não teria quebrado e o crédito não teria desaparecido."

Lula deu as declarações durante almoço com empresários do setor automotivo. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, o evento foi uma homenagem a Lula e a seu governo pelas ações no combate à crise.

Mais cedo, na cidade paulista de Sorocaba, o presidente participou da inauguração da unidade industrial de tratores da Case New Holland. Em discurso acompanhado pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e pelo governador de São Paulo, José Serra, tidos como adversários nas eleições presidenciais deste ano, Lula afirmou que "a arte da boa governança é fazer o óbvio" . Comentando que política não se aprende na faculdade, ele afirmou que "as coisas mais corretas que fazemos é aquilo que parece o óbvio, mas as pessoas não fazem... Porque na política a gente não inventa."

No discurso em Sorocaba, Lula defendeu a necessidade de um Estado forte - não no sentido de empresa, mas como "indutor e regulador" da economia. Também lembrou que a oferta de crédito cresceu em seu governo, "de R$ 381 bilhões para R$ 1,41 trilhão", mas, segundo o presidente, "o crédito no Brasil ainda não é tudo o que nós queremos" .

Reservou ainda uma alfinetada indireta aos seus antecessores no poder, que resumiu numa metáfora do futebol. Segundo Lula, antes de seu governo, o "Brasil vivia assustado" e "pesado" como o time do Corinthians hoje. O Santos, com quem o time do presidente jogou no domingo e para quem perdeu, tem "leveza e irreverência" que assustaram os corintianos.

Dilma e Serra também discursaram na cerimônia de inauguração da fábrica em Sorocaba e compararam as atuações dos governos federal e paulista durante a crise financeira global.

"Sem sombra de dúvida, 2008 e 2009 teve por parte do governo do presidente Lula a firme determinação no sentido de não deixar que a crise nos abatesse", destacou Dilma. "Essa determinação beneficiou o Brasil como um todo, mas beneficiou de uma forma especial São Paulo, porque São Paulo é hoje um dos maiores centros produtores de máquinas e equipamentos do Brasil", acrescentou.

Serra elogiou as medidas do governo federal que ampliaram o crédito no país. Lembrou, no entanto, que seu governo fez o mesmo até vender a Nossa Caixa para o Banco do Brasil:"Conseguimos manter um nível de investimentos em 2009 que foi o mais elevado da nossa história por parte do governo do Estado, que ajudou muito a manutenção do nível de emprego e de ocupação em todo o território paulista."

O presidente Lula sinalizou que o governo continuará a trabalhar para elevar o volume de crédito do Brasil. Segundo ele, o crédito cresceu de R$ 381 bilhões, em 2003, para R$ 1,41 trilhão: "Hoje o crédito no Brasil ainda não é tudo o que nós queremos."

O presidente voltou a enaltecer a atuação dos bancos públicos nos últimos meses, e disse que, se possível, teria reforçado ainda mais essa frente de batalha do governo federal contra os efeitos da crise financeira global: "Não vacilei em comprar o banco do Serra. Se tivesse mais banco para vender, eu ia comprar para transformar o Banco do Brasil no banco mais importante deste país para financiar o crédito."

O presidente voltou a defender a continuidade da política econômica do seu governo. "Uma empresa, como essa, se não houver sequência ao que vem acontecendo no Brasil para que essa empresa possa vender mais, da mesma forma que abriu, ela fecha como outros momentos da história do país", disse. Para Lula, a inauguração de uma fábrica é como o "nascimento de uma criança".

Serra e Dilma tentaram se mostrar mais próximos do público durante a inauguração. A ministra começou seu discurso pedindo licença para quebrar o protocolo e saudar o trabalhador. Ela disse que a fábrica, que teve investimento de R$ 1 billhão, combina a força dos empresários com a capacidade e empreendedorismo dos trabalhadores.

Serra também falou ao trabalhador lembrando de sua origem humilde no bairro da Mooca, na Zona Leste de São Paulo. "Tenho identificação com a indústria na minha origem. Sou de bairro operário, de uma vila na Mooca. Morei em uma casa que era pegada a uma fábrica e que tinha caldeira vibrando dia e noite. Quando desligava a caldeira eu não conseguia dormir. A indústria está muito associada à minha infância e ao desenvolvimento", disse Serra.