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21 de outubro de 2010

José Serra pede de volta panfletos que PF recolheu...Mas manda a Diocese buscar

A Diocese de Guarulhos (SP) confirmou ontem que encomendou os cerca de 1 milhão de panfletos com texto que prega o voto em candidatos contrários ao aborto e com críticas ao PT e à candidata à Presidência Dilma Rousseff por suas posições sobre o assunto, apreendidos pela Polícia Federal em uma gráfica na capital paulista no fim de semana. A diocese entrou com recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a devolução do material - recolhido depois que o TSE atendeu a pedido do PT - e a extinção do processo. Uma das sócias da gráfica é filiada ao PSDB e irmã de um coordenador de campanha do tucano José Serra.

Ao conceder a liminar determinando a apreensão, o ministro do TSE Henrique Neves entendeu que a legislação eleitoral não permite que as igrejas contribuam com publicidade em favor ou contra candidatos.

Em nota divulgada após a ação da PF, a Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que não indica nem veta candidatos ou partidos e que não patrocina a impressão e a distribuição de folhetos contra ou a favor de candidatos. No recurso, a diocese explica que não se trata de um panfleto, mas de um documento da Igreja Católica, oriundo de encontro da Regional Sul 1 da CNBB.

15 de outubro de 2010

Serra distribui santinhos com frase sobre Jesus para pedir votos


Seguindo a tática de usar temas religiosos para angariar votos no segundo turno, a campanha do tucano José Serra distribuiu nesta sexta-feira (15) santinhos que traziam a frase "Jesus é a verdade e a justiça", seguida da assinatura do candidato. As peças publicitárias foram distribuídas na entrada de um encontro que Serra teve com cerca de 1.500 professores da rede pública que foram manifestar apoio à sua candidatura.

Do outro lado do cartão plástico, há uma fotografia do peessedebista cercado por crianças e com o lema "Serra é do bem" - novo bordão dele, empregado pela campanha tucana neste segundo turno - em destaque.

A tiragem total das peças é de dois milhões de exemplares. A mesma frase foi dita por Serra numa feira evangélica, em São Paulo, ainda no primeiro turno. Na última terça-feira (12), em visita ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, o candidato negou que a inclusão massiva de temas religiosos nas eleições contribua para a banalizalçao do processo eleitoral e das religões em si.

"A questão religiosa entra naturalmente (na campanha). Não aparece como estratégia de campanha. A maioria da população é religiosa. Isso não macula o Estado brasileiro, que é laico", disse Serra na ocasião.

7 de outubro de 2010

Voto feminino foi decisivo para levar a eleição ao 2ºturno, dizem especialistas

Repetindo um padrão observado nas eleições presidenciais de 2002 e 2006, o eleitorado feminino foi decisivo para adiar o desfecho das eleições, segundo cientistas políticos e demógrafos que estudam o voto das mulheres. Além de serem a maioria do eleitorado brasileiro (cerca de 52%), as mulheres são maioria também entre os eleitores indecisos (cerca de 60%), e foi essa fatia que engordou os resultados da verde Marina Silva (principalmente) e do tucano José Serra na reta final do primeiro turno, em detrimento da petista Dilma Rousseff.

Levando-se em consideração só o eleitorado masculino, Dilma seria eleita, no 1oturno, com 54% dos votos válidos, segundo a última pesquisa do Instituto Datafolha, e segundo o Ibope. As mulheres mais conservadoras foram as que mais transferiram seus votos, provavelmente influenciadas pela ação de grupos religiosos que associaram Dilma a uma posição favorável ao aborto, dizem os especialistas: - A proposta de Marina Silva de deixar uma questão moral, como o aborto, para ser resolvida por plebiscito, somada à pressão de grupos religiosos convenceram o voto feminino conservador, especialmente em regiões mais atrasadas e fora dos grandes centros urbanos, a mudar de posição - diz Maria do Socorro Sousa Braga, cientista política da Universidade Federal de São Carlos (Uscar).

Fatia de mulheres indecisas é o dobro da de homens Descontando-se os erros de precisão de alguns institutos de pesquisa nestas eleições, a evolução do voto feminino e masculino, medida pelas pesquisas Datafolha e Ibope nas últimas semanas, dá uma idéia da fuga do voto das mulheres de Dilma. Segundo o Datafolha, o índice do votos femininos em Dilma caiu de 47%, na sondagem de 21 e 22 de setembro, para 42%, às vésperas das eleições, este mês. Já os percentuais de votos femininos em Serra passaram de 28% para 30% no mesmo período. E, para Marina, a alta foi ainda mais significativa: de 14% para 18%.

Segundo a socióloga Fátima Pacheco Jordão, do Instituto Patrícia Galvão, a fatia de mulheres indecisas, no universo total de votos femininos, é o dobro da fatia de homens indecisos. Para ela, as mulheres são mais cautelosas, em parte porque percebem a política como um território eminentemente masculino - do qual, historicamente, foram alijadas. Ao empurrarem a decisão para o último momento, são afetadas pelas ações de grupos de pressão: - Como o voto dos indecisos não é precisamente contabilizado nas pesquisas, novas tendências acabam nebulosas, o que é fatal num cenário de disputas resolvidas por um ou dois pontos percentuais.

Ela observa que o perfil político das mulheres explica também a vantagem de Serra e Marina no eleitorado feminino: - Enquanto os homens estão focados na política partidária e de poder, preocupados com disputadas ideológicas ou programáticas, as mulheres estão voltadas para a micropolítica ou políticas públicas, atentas a questões como vagas em escolas, atendimento em postos de saúde, incluindo questões femininas, como essa discussão sobre o aborto. E tanto Marina quanto Serra foram mais específicos nesses pontos, ainda que todos tenham um discurso desprovido de propostas claras.

Serra falou a verdade, mas os jornais dizem que ele se confundiu

'Nunca disse que sou contra, porque sou a favor', disse tucano, para depois se corrigir; ele afirmou que o chamam de 'atrasado'

Depois de quase meia hora de discurso para aliados ontem, em Brasília, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, se confundiu e se atrapalhou ao tratar do assunto mais polêmico da campanha nos últimos dias: a legalização do aborto no país.

Serra se enganou e disse, primeiro, que era a favor do aborto, mas depois se corrigiu e disse que sempre foi contra a legalização do aborto por convicção.

Quando ministro da Saúde, em 1998, ele normatizou o atendimento na rede pública para casos permitidos em lei - estupro e risco de vida para a mãe.

No discurso, no encontro com aliados, Serra fez mais uma provocação à candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, que já defendeu a descriminalização do aborto, mas adota na campanha um discurso mais cauteloso. Serra disse que as pessoas não podem mudar de opinião sobre assuntos como o aborto e lembrou que o PT já expulsou parlamentares que eram contra a legalização da prática.

Serra disse ainda que essa tentativa agora do PT de negar que defende o aborto, pensando até em retirar esse ponto do seu programa, era "inacreditável".

A confusão de Serra gerou um silêncio apreensivo na plateia, que depois aplaudiu quando Serra se corrigiu.

- Nunca disse que sou contra o aborto, porque sou a favor do aborto - disse Serra, corrigindo-se, em seguida. - Ou melhor: nunca disse que era a favor do aborto, porque sou contra o aborto. Tem amigos que me acham um atraso.

Mas tenho minhas razões íntimas, pessoais, de história, para ter essa convicção.

Em seguida, em mais uma referência indireta a Dilma, disse que não era errado ter "convicções na vida", mas que era errado, sim, tentar esconder suas opiniões. Para o tucano, isso é querer "enrolar" o eleitorado.

- O que não tem direito é uma campanha presidencial enrolar, ficar enrolando. No fundo, é desrespeitar as pessoas - disse.

Serra também criticou o PT: - O PT vai tirar (a defesa do) aborto do programa. É uma coisa inacreditável.