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20 de novembro de 2009

"O adversário de Dilma é muito menos simpático do que ela", diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na manhã desta sexta-feira (20) que "quer fechar a boca" depois de eleger a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e aproveitou para dar uma cutucada no governador paulista, José Serra (PSDB), que lidera as pesquisas de intenção de voto para a sucessão presidencial no ano que vem. "Dizem que a Dilma não é simpática, mas o adversário dela é muito menos simpático", afirmou o presidente, em entrevista a dois radialistas baianos na suíte do hotel onde está hospedado, no centro de Salvador.

No entanto, o presidente reconheceu que, "neste momento", o principal adversário da ministra é mesmo José Serra - o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), também é pré-candidato. "Se olharmos as pesquisas hoje, o Serra é o principal adversário. Mas, também, é muito difícil a gente prever que os resultados das pesquisas de hoje serão os mesmos em agosto ou setembro do ano que vem."

A assessoria do governo paulista disse que Serra ainda não se pronunciou sobre as declarações.

Depois de falar da "simpatia" do governador de São Paulo, Lula ironizou o PSDB, ao comentar sua rejeição pelo terceiro mandato. "Se eles estivessem na minha situação, teriam pedido o terceiro mandato, não tenho dúvidas. Mas eu fiz questão de convencer o meu partido a parar com esta 'brincadeirinha', porque quem gosta do terceiro mandato gosta também do quarto, do quinto."

Na entrevista, Lula minimizou algumas análises sobre sua dificuldade de transferir votos. "Vamos ver se eu repasso votos ou não. Na verdade, é muito difícil tentar eleger um vereador, um prefeito, mas para presidente é diferente. O governo tem possibilidade de repassar os votos, mas isso é muito relativo, vai depender muito da performance da Dilma nos debates, nas propostas aos eleitores."

Lula na Bahia

Lula, que chegou na noite de quinta-feira (19) à capital baiana, jantou com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, no Palácio de Ondina (residência oficial do governo baiano). Depois de comerem um acarajé, prato típico da culinária baiana, Lula disse a Abbas que, enquanto só os Estados Unidos estiverem negociando a paz no Oriente Médio, ela não se concretizará. "Disse a ele que é preciso ter outros atores, outros interlocutores, porque os Estados Unidos são um dos responsáveis pela crise da Palestina."

Durante a entrevista, o presidente voltou a falar de Caetano Veloso que, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", disse que o presidente era ignorante. "Obviamente que não faço nenhuma relação entre a admiração que tenho pelo artista Caetano Veloso e suas posições políticas. Como político, Caetano nunca esteve do nosso lado."

Em seguida, Lula brincou: "Eu me vinguei do Caetano porque peguei um CD do Chico Buarque e ouvi duas vezes seguida." O presidente disse ainda que não guarda mágoas ou ressentimentos de Caetano Veloso, a quem classificou como "artista excepcional".

"Vou continuar gostando de Caetano como artista e ele não vai gostar de mim como político. Ele vota em quem quiser e a vida continua", completou.

O presidente também criticou os "intelectuais" que o condenam por falar apenas o português. "Isso é uma bobagem, antes de eu nascer já existiam intérpretes. Fui o primeiro orador a fazer um discurso em língua portuguesa em Davos [cidade suíça onde acontece o Fórum Econômico Mundial]. Está certo que eu não sabia outro, mas falo em português por orgulho."

De acordo com Lula, seu maior problema tem data para acontecer: 2 de janeiro de 2011, quando não será mais presidente. "Só quero saber o que vai acontecer quando acordar ao lado de dona Marisa e não tiver ninguém para xingar, para criticar, para falar mal. E, ainda, tiver de ajudar a dona Marisa a arrumar a casa."

Sobre o seu futuro, Luiz Inácio Lula da Silva falou que não tem muitas pretensões. "Sou extraordinariamente grato a tudo que a vida me deu, mas gostaria de fazer alguma coisa pela integração da América do Sul, pela África".

Aposentados
O presidente deixou claro que não vai aceitar o projeto que tramita no Congresso extinguindo o fator previdenciário. "É preciso que as centrais sindicais façam uma reflexão profunda, sou amigo de todos eles, mas não posso aceitar a hipocrisia de um ano eleitoral, a gente prometer o que não deve cumprir."

Ao final, Lula comentou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que transferiu a responsabilidade ao presidente sobre a extradição do italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua em seu país por quatro assassinatos.

"Só estou aguardando que o Tribunal entenda o que ficou decidido e me comunique. Já tenho minha decisão na cabeça, mas só vou me manifestar nos autos. Quem passou pelo que passei, mas vai se preocupar com o caso Battisti, é só mais um caso. Não sei se ele ainda está fazendo greve de fome, mas já disse que isto é uma burrice e não vamos aceitar este tipo de pressão."

Lula está na Bahia para a solenidade do Dia Nacional da Consciência Negra e para participar de um evento na fábrica da Ford, em Camaçari (região metropolitana de Salvador).

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