A campanha eleitoral de 2006 do governador José Roberto Arruda (DEM-DF) foi irrigada com pagamento de propina de empresas fornecedoras do governo, relatou à Polícia Federal Durval Barbosa, ex-colaborador do democrata. Segundo ele, o esquema deu origem ao "mensalão do DEM".
No inquérito da PF consta que o esquema de financiamento da campanha começou a ser montado em 2004 e foi até 2006. O cálculo é que o pagamento ilegal tenha sido de R$ 56,5 milhões no período.
Barbosa, até sexta-feira secretário de Relações Institucionais do governo, apresentou à PF vídeo de uma conversa com Arruda, recibos e até notas fiscais de supostas despesas eleitorais bancadas ilegalmente. O material vai passar por perícia e está no inquérito da PF da Operação Caixa de Pandora deflagrada na última sexta-feira.
Conforme Barbosa, o governador já imaginava que teria de se defender da acusação de crime eleitoral e, por isso, forjou em outubro passado recibos no valor de R$ 90 mil para simular a origem do suposto dinheiro de caixa dois como doação para compra de panetones e brindes de Natal para creches e asilos.
Esses documentos, entregues à PF por Barbosa, também estão sendo periciados.
A compra de panetones e distribuição de brindes de Natal foi a justificativa dada pelo governo para o dinheiro entregue por Barbosa a Arruda.
O dinheiro, segundo a acusação, veio de contratos assinados por empresas com a estatal do governo responsável pelo planejamento econômico, a Codeplan. Na época da campanha, Barbosa presidia a estatal.
Arruda declarou à Justiça Eleitoral ter gasto R$ 8 milhões em sua campanha, ou seja, a sétima parte do que teria arrecadado com caixa ilegal.
O suposto esquema teria continuado após a campanha. O destino do dinheiro era o pagamento de "mensalão" a deputados da base aliada em troca de apoio político, segundo o informante. Ele disse à PF que o "mensalão do DEM" é uma situação "muito piorada" da versão eleitoral e passou a ser ação "extorsiva" contra empresas.
À procura dessas provas, a PF fez buscas e apreensões em gabinetes de deputados, secretários do governo e em um anexo da residência oficial de Arruda.
Até agora, a PF informa ter rastreado R$ 600 mil em propina do mensalão paga por empresas fornecedoras do governo. O dinheiro, segundo Barbosa, foi destinado ao governador, ao vice Paulo Octávio (DEM), a secretários e deputados.
No esquema atual, Barbosa diz que as empresas da área de informática Infoeducacional, Vertax, Adler e Linknet, contratadas pelo governo do DF, repassaram a ele R$ 400 mil.
O ex-secretário gravou uma conversa que teve com Arruda em 21 de outubro tratando da distribuição de dinheiro.
Em nota, Arruda e Paulo Octávio negaram as acusações.
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