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30 de novembro de 2009

As opções de Serra

O tucano José Serra aproxima-se do seu Rubicão, a margem depois da qual seu futuro político estará traçado. Para a Presidência, para o governo do Estado de São Paulo ou para a aposentadoria, na derrota de uma coisa ou da outra, dada a idade de 67 anos e os reflexos negativos que a perda nas urnas pode provocar sobre a sua capacidade de influência no tabuleiro partidário dali por diante. A escolha do caminho a seguir é o que angustia o governador-candidato por esses dias. Ao desembarcar do mandato que detém, Serra poderá estar abdicando de cinco anos garantidos de poder à frente da máquina paulista – um ano que lhe resta de governo e outros quatro que são dados como líquido e certo em caso da tentativa de reeleição –, um lucro real e consistente também para o seu partido, o PSDB.

A opção pela corrida presidencial coloca Serra no confronto direto com a preferida de Lula, que, do alto de seus 80% de aprovação popular, vai mover mundos e fundos para fazer o sucessor. As últimas pesquisas sinalizam uma perigosa aproximação de Serra com a candidata da situação, Dilma. Serra com os atuais 31,8%, segundo sondagem da CNT/Sensus, já perdeu, antes mesmo da campanha, eloquentes 15 pontos percentuais do alto patamar, na casa dos 40%, com o qual apareceu nas pesquisas preliminares de início de ano. A diferença Serra/Dilma caiu para apenas dez pontos, com os 21,7% dessa última. É importante lembrar que, historicamente, candidatos partindo de patamares nas alturas têm mais a perder. Afinal, a medição considera o recall anterior do escolhido. Serra carrega boa herança de votos da batalha que travou nas urnas para as eleições presidenciais de 2002. Encerrou aquela maratona na casa de 40% de aprovação nacional e começou agora no mesmo teto. Ir além requer muito mais jogo de cintura do que o exigido de Dilma, a promessa de continuidade do governo Lula, que pelo teor de novidade tem terreno a conquistar – se vai conseguir é outra história.

No cabo da disputa, Serra e Dilma são muito parecidos: na postura, na linguagem, na imagem de gestores administrativos eficazes. Daí decorre a questão: com essa proximidade de estilos, qual bandeira tão distinta poderá levantar Serra para fazer frente a Dilma? Como converter-se numa antítese atraente? Por seu perfil centralizador e pouco receptivo a concessões no toma-lá-dá-cá partidário, o leque de alianças que seu nome angaria é mais limitado. Nos últimos dias, pressionado pela base de sustentação, começou a se expor mais. Foi a programas de tevê, intensificou o ritmo de cerimônias, engrossou a maratona midiática. Não está propriamente em campanha. Antes disso, sua cruzada serve prioritariamente para testar a receptividade popular. É uma espécie de sondagem de mercado para decidir se vai ou se fica. As peças estão na mesa e Serra terá que movê-las sem chance de errar.Isto É

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