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30 de dezembro de 2009

Vannuchi nega crise, mas admite divergência

O ministro Paulo Vannuchi, de Direitos Humanos, disse ontem que desconhece qualquer pedido de demissão encaminhado ao presidente da República, relacionado às divergências entre ele e o titular da pasta da Defesa, Nelson Jobim. "Estive com o presidente da República no dia 23, véspera do Natal, e ele não me falou nada sobre isso", afirmou.

Vannuchi não negou as divergências com Jobim. Mas insistiu que cada uma delas é discutida no interior do governo e que sempre chegam a um acordo.

"Foi assim no caso da comissão enviada ao Araguaia, para a busca dos corpos dos desaparecidos na guerrilha, e na redação do Programa Nacional de Direitos Humanos, anunciado dias atrás", observou. "Num governo de coalizão, com pontos de vista diferentes, as discussões são comuns. Eu recuo, ele recua, sempre procurando o acordo. Nosso árbitro é o presidente Lula."

A pendência atual entre os dois, segundo explicações de Vannuchi, gira em torno do texto do projeto de lei que o governo deve enviar ao Congresso até abril do ano que vem, propondo a criação de uma Comissão da Verdade para apurar crimes e violações de direitos humanos no período da ditadura militar.

O ministro da Defesa estaria insistindo em alterar o trecho que se refere ao "período de repressão política". Para ele, a frase correta deveria ser deveria ser "período de repressão política e conflitos" ? para caracterizar que setores da esquerda que pegaram em armas para defender posições políticas.

Vannuchi acredita que o problema tem solução. "É uma questão de escolha de termos, que pode ser resolvida na mesa, no processo de redação", disse. "Foi assim no caso do Programa de Direitos Humanos, cuja redação contou com a participação do Jobim."

O titular de Direitos Humanos desconhece manifestações de descontentamento e pedidos de demissão entre militares. E não vê motivos para isso. "Não há clima. É como falar de raio em céu azul, tempestade em copo d"água."

Amigo e assessor de Lula desde os primórdios do PT, Vannuchi assinalou que a decisão final sobre a comissão caberá ao Congresso. "O Legislativo vai decidir se quer e como quer. Isso pode demorar anos. Da minha parte, vou trabalhar para que a tramitação ocorra da forma mais rápida possível."

Lembrou que outros países da América Latina, que também enfrentaram ditadura militar, já instalaram comissões de verdade para apurar violações de direitos humanos. "Estamos atrasados no avanço da democracia."

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