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9 de dezembro de 2009

PF suspeita que construtora fez doações a Arruda



A Polícia Federal suspeita que o governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (DEM) recebeu doações "por fora" da Construtora Camargo Corrêa para financiar suas campanhas eleitorais. O rastreamento aponta supostos repasses em dólares que teriam sido realizados nos pleitos de1998 e 2002 - nesses anos, Arruda foi candidato, respectivamente, ao governo do Distrito Federal e a deputado federal.

O mapeamento indica pelo menos três doações em 1998 que somam US$ 637,6 mil. A apuração relativa à campanha de 2002 não identificou repasses diretos pela empreiteira, mas a PF suspeita que isso pode ter ocorrido por meio de alguma coligada do grupo.

A suspeita sobre as relações entre Arruda e a Camargo Corrêa surgiu a partir da análise de documentos apreendidos na residência de Pietro Bianchi, executivo da empreiteira acusado pelo Ministério Público Federal por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Bianchi e outros dois dirigentes da Camargo Corrêa, Fernando Arruda e Darcio Brunatto, são alvos da Operação Castelo de Areia.

A planilha de Pietro Bianchi sugere contabilidade paralela da Camargo Corrêa. Estão anotadas informações sobre 208 empreendimentos e contratos da empresa entre 1995 e 1998. Na página 54 do documento, intitulada "diversos", há 9 registros de pagamentos - totalizando US$ 928,7 mil -, oito deles aparentemente destinados a "campanhas políticas" em Brasília, São Paulo e Bahia.

Ao lado da data 8 de setembro de 1998 consta a anotação "camp. política Brasília-Arruda". A doação teria sido de US$ 80.496, ou R$ 103.840 - a conversão consta da planilha. Nos dias 14 de setembro e 13 de novembro, mais dois lançamentos supostamente para o mesmo destinatário: o primeiro de US$ 157.790 (R$ 205.127 pela taxa do dia do dólar) e o outro de US$ 399.360 (ou R$ 499,2 mil).

O arquivo integra relatório final da Castelo de Areia. O Ministério Público Federal em São Paulo decidiu encaminhar a planilha para a Procuradoria-Geral da República porque são citados políticos com foro privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ). No âmbito criminal, o STJ é a instância do Judiciário com atribuição para autorizar abertura de investigação contra governador.

JUNDIAÍ

O Ministério Público Estadual vai investigar se houve irregularidades em obra da Camargo Corrêa no município de Jundiaí (SP). O contrato é de 1995. Registros contábeis da empreiteira apreendidos pela PF indicam pagamentos que somam R$ 184,9 mil a "político". A apuração foi pedida pela Procuradoria da República em ofício ao procurador-geral de Justiça, Fernando Grella Vieira. O contrato teria ligação com a área de tratamento de esgoto da cidade.

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