Acuado pelas denúncias de envolvimento em corrupção, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), tenta agora controlar a Câmara Legislativa para salvar o mandato. Para tanto, mandou de volta para a Casa dois deputados tarimbados de sua tropa de choque: Eliana Pedrosa, do Desenvolvimento Social, e Paulo Roriz, da Habitação, ambos do DEM. Eles tentarão assumir postos estratégicos na Câmara.
Eliana é fiel escudeira de Arruda. Empresas de sua família aparecem na planilha de caixa 2 da campanha de Arruda - revelada pelo Estado na sexta-feira - e, também, em contratos com o governo do DF. Já Paulo Roriz, sobrinho do ex-governador Joaquim Roriz, comanda uma secretaria sob suspeita de irregularidades - José Luiz Naves, presidente de um órgão vinculado à pasta da Habitação, foi pego num vídeo recebendo propina.
Ontem, a assessoria de Eliana confirmou o pedido de exoneração do cargo e seu retorno à Câmara. Na volta, tentará presidir a Comissão de Constituição e Justiça, posto estratégico para analisar pedidos de impeachment contra Arruda, suspeito de montar o "mensalão do DEM" em Brasília.
Outra opção para o governador controlar a Câmara é Eliana se candidatar à presidência da Casa, caso o atual presidente Leonardo Prudente (DEM) renuncie ao mandato. Ele foi flagrado em vídeo colocando dinheiro oriundo de propina nas meias, bolsos e paletós. Prudente está afastado do cargo.
Eliana e Paulo Roriz deverão comandar a tropa de choque do governador, já que a líder do governo, Eurides Brito (PMDB), permanece, informalmente, afastada das funções políticas depois da revelação do vídeo em que aparece recebendo dinheiro vivo das mãos de Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo e delator à Polícia Federal de todo o esquema no governo Arruda.
No sábado, o Estado mostrou que duas empresas ligadas a Eliana aparecem no suposto caixa 2 de Arruda. A Esparta Segurança, de um filho dela, teria ajudado com pelo menos R$ 50 mil. Posteriormente, a empresa fechou em outubro um contrato emergencial, sem licitação, com o governo do DF. Uma nota de R$ 4,8 milhões foi emitida no dia 29 de outubro. No caixa 2, surge ainda o nome "Dinâmica". Uma irmã de Eliana tem empresa com esse nome. Desde 2007, R$ 67 milhões já foram repassados à irmã da deputada.
CPI
Além de fortalecer sua base, Arruda tem operado para controlar a CPI que investigará as denúncias, reveladas com a Operação Caixa de Pandora, da PF. O governador pediu aos aliados que formassem 4 blocos com 14 deputados distribuídos entre eles. Como o regimento prevê o critério de proporcionalidade para definir as vagas da CPI, a formação dos blocos garante a hegemonia para o grupo de Arruda.
A Câmara pode iniciar hoje a análise dos processos contra o governador, dependendo do acordo que seria negociado com os manifestantes que ocupam o plenário desde a semana passada. A Polícia Militar chegou a preparar uma operação para retirar o grupo, mas deputados de PT e PDT pediram mais um dia para solução negociada.
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