"Ele é tão bobinho, não entendeu o que eu disse"
O regente da Filarmônica de Boston (EUA), Benjamin Zander, falou à Folha à respeito da reação de Paulo Coelho a seu comentário sobre a mulher brasileira, no Fórum Econômico Mundial, domingo, em Davos, na Suíça. O desconforto aconteceu durante um elegante jantar, com personalidades do mundo todo, no Kongress Hotel. "Ele [Zander] disse que, depois de um concerto no Brasil, mulheres levantaram a roupa e mostraram tudo, concluindo "você sabe como são as mulheres brasileiras quando querem demonstrar alegria...'", lembra Coelho. Em meio às gargalhadas, o autor de mais de 100 milhões de exemplares vendidos levantou-se e gritou: "Eu sou brasileiro, estou ofendido com o seu comentário".
Zander pediu desculpas, mas alfinetou: "Ele [Coelho] reagiu como um macho para defender a honra das brasileiras". (Por Maria Cristina Frias)
FOLHA - O que o sr. disse que surpreendeu tanto o escritor Paulo Coelho e outros brasileiros?
BENJAMIN ZANDER - Ah! Eu só estava contando uma grande experiência que eu tive no Brasil. Levei uma orquestra de 110 adolescentes americanos para lá, eles fizeram um concerto de muito, muito sucesso para 30 mil pessoas na praia de Copacabana. Na saída, várias das mulheres, três, na verdade, que eu me lembre, estavam tão animadas, tão felizes que levantaram sua roupa e mostraram tudo... Do meu ponto de vista, foi só para mostrar carinho... Ele [Coelho] é um camarada tão bobinho, não entendeu o que eu disse. Ele é um contador de história, certo? Eu sou um contador de história.
FOLHA - O escritor Paulo Coelho disse que nunca viu isso ocorrer...
ZANDER - Pode não ter visto, talvez elas só façam isso para estrangeiros [risos], mas do meu ponto de vista foi adorável. Elas só queriam dizer "nós estamos felizes em ver vocês..." e foi o jeito de expressá-lo. Foi exatamente o que aconteceu.
FOLHA - Brasileiros que estavam no recinto consideraram sua fala um desrespeito...
ZANDER - Eu estou lhe contatando uma história absolutamente verdadeira. Havia várias formas de contar, foi só para dar um colorido, foi [um episódio] totalmente sem importância... Ele considerou como um desrespeito e não teve nada a ver com isso...
FOLHA - Alguns brasileiros presentes ao jantar disseram que foi uma generalização ofensiva a todas as mulheres brasileiras...
ZANDER - É absolutamente verdade [a história]. E um escritor deveria saber que quando a gente conta uma história sobre três pessoas não está contando sobre a nação toda. Ele entendeu errado. E defendeu a honra das mulheres brasileiras como um macho.
FOLHA - O senhor se desculpou...
ZANDER - Sim, me desculpei pública e pessoalmente. E ele também poderia ter se desculpado comigo porque interrompeu uma história e você nunca interrompe um ator no meio da peça. Isso foi realmente inadequado.
FOLHA - Quando foi o concerto? O sr. tem planos de voltar ao Brasil?
ZANDER - Foi há dez anos, já fui três vezes ao Brasil, todas fantásticas. Planejo voltar sempre que possível. A gente ama ir ao Brasil, é o melhor país, o povo é tão vibrante e as platéias são mais expressivas do que em qualquer outro lugar do mundo. Se eu soubesse que essa história iria causar tanto aborrecimento, não teria mencionado. ["Não faça disso uma grande história na imprensa", pediu ao se despedir.]
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