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14 de janeiro de 2008

A doce vida Sarkozy


Presidente francês viajou com a namorada com tudo pago por um amigo bilionário. Qual é o limite para um político?

CASAL DO MOMENTO: a voluptuosa italiana Carla Bruni e Nicolas Sarkozy em uma viagem faraônica

"Em tudo o que fazemos, temos em vista alguma outra coisa." A frase é de autoria do filósofo grego Aristóteles (384 a.C-322 a.C) e serve para espelhar as relações que envolvem dinheiro e poder. Traduzindo: é o famoso toma lá dá cá. E é esse costume politicamente incorreto que tem feito os franceses torcerem o nariz para o presidente Nicolas Sarkozy diante da dolce vita do chefe de Estado e de sua namorada, a voluptuosa italiana Carla Bruni, em suas recentes férias no Egito. O casal embarcou em um jatinho Falcon 900, se hospedou em hotéis cinco-estrelas e tirou fotos apaixonadas diante das pirâmides de Gizé. A viagem em si não é o problema. O que tem causado incômodo aos franceses é que a conta foi paga por Vincent Bolloré, dono do grupo de mídia Havas, de empresas nas áreas de transporte e energia, e "amigo do peito" do presidente francês. "Como está Bolloré nos negócios?", indagou Benoît Hamon, porta-voz do Partido Socialista francês. "Penso que faz bons investimentos. Hoje está investindo em Nicolas Sarkozy, que é um bom negócio para ele", ironizou. O respeitado jornal Le Monde foi além e classificou a viagem de "algo indecente".

A questão é: um presidente da República pode aceitar presentes como esse? "Se houver conflitos de interesse, não é correto", diz Claudio Couto, professor de ciências políticas da PUC-SP e da FGV-SP. De acordo com a imprensa francesa, os negócios de Bolloré com o Estado representam apenas 1% do faturamento de suas empresas. É pouco, mas o suficiente para levantar vozes mais inflamadas. Essa, aliás, não é a primeira vez que Sarkozy faz isso. Logo depois de vencer as eleições, o chefe de Estado usou o iate de Bolloré para descansar em Malta. Além do suposto conflito de interesses, uma ação como essa não condiz com a imagem de sobriedade de Sarkozy, cuja bandeira na campanha eleitoral era aumentar o poder de compra dos franceses - promessa ainda não cumprida. "Do ponto de vista político, arranha a imagem dele", diz Claudia Matarazzo, chefe do cerimonial do governo do Estado de São Paulo e consultora de etiqueta. Esse tipo de incômodo não é exclusividade dos franceses.

Nos Estados Unidos, o presidente Bill Clinton chegou a alugar o quarto onde Abraham Lincoln (1809-1865) dormiu na Casa Branca para aumentar o caixa de campanha para a sua reeleição. As relações do empresariado com os políticos também foram alvo de escândalos no Brasil. Quem não se lembra de Fernando Collor, então presidente da República, desfilando no iate do empresário Alcides Diniz, em Angra dos Reis, no Réveillon de 1990, enquanto o País sofria com a inflação?

FERNANDO COLLOR: ex-presidente do Brasil, passou o Réveillon de 1990 em um luxuoso iate do empresário Alcides Diniz, em Angra dos Reis, quando o País sofria com a inflação


BILL CLINTON: para reforçar o caixa de sua campanha de reeleição à Presidência dos EUA, o ex-presidente chegou a alugar o quarto onde Abraham Lincoln (1809-1865) dormiu na Casa Branca

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