O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, durante reunião com integrantes do Conselho Político - líderes e presidentes de partidos aliados - que a chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, vai viajar pelo Brasil para acompanhar o andamento das obras do PAC. Lula negou que a ministra esteja em campanha eleitoral, como vê a oposição. Para Lula, quem está fazendo campanha são os governadores tucanos, especialmente o de São Paulo. "Ela é a gerente do PAC. Tem não apenas o direito, mas a obrigação de acompanhar inaugurações e fiscalizar o andamento das obras. Quem não tem obrigação de sair de São Paulo para Cascavel (PR) é o Serra. Mas disso ninguém reclama", queixou-se o presidente.
DEM, PSDB e PPS entraram no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com uma representação contra Dilma pelo que consideram "antecipação da campanha eleitoral". O governo tem o discurso pronto: não é justo deixar de fora do filé mignon - a entrega das obras - aquela que está suando para tirar o PAC do papel. E mais: esconder a candidata daquele que é seu principal programa de campanha. A concretização do PAC e o sucesso do governo no combate à crise internacional serão, na avaliação dos aliados presentes, trunfos fundamentais para a vitória do candidato governista em 2010.
Na primeira reunião de Lula com a base aliada em 2009, após a eleição das mesas diretoras da Câmara e do Senado, e da escolha dos novos líderes, o presidente cobrou uma maior unidade da base de apoio no Congresso. Fez questão, é verdade, de agradecer o apoio dos parlamentares, já que a maior parte dos projetos de interesse do Executivo foram aprovados no Congresso. Mas disse não entender por que as legendas não conseguem ter uma comportamento uniforme na Câmara e no Senado.
Nestes seis anos de mandato, Lula tem passado diversos sustos, especialmente no Senado, onde a base parlamentar é muito mais frágil que na Câmara. Foi lá onde o governo sofreu sua maior derrota política: o fim da cobrança da CPMF. As contradições existem até no PT, já que senadores como Tião Viana (AC) e Paulo Paim (RS) foram responsáveis por aprovar projetos que impactam diretamente o Orçamento do governo, como a vinculação do reajuste dos aposentados ao aumento do salário mínimo e o fim do fator previdenciário.
Lula pediu e os líderes se comprometeram a votar dois projetos de interesse do Executivo e considerados essenciais para uma agenda anti-crise: a reforma tributária e o cadastro positivo. Este último está pronto para ser apreciado pelo plenário da Câmara - havia uma expectativa que a votação acontecesse ainda ontem. "Quando um trabalhador deixa um emprego com uma carta de boas recomendações, ele tem condições muito melhores de conseguir um emprego melhor do que aquele que não tem carta nenhuma", defendeu o presidente, explicando a essência do cadastro positivo como instrumento para diminuição do risco de inadimplência bancária.
Para não causar constrangimentos, a polêmica sobre o PMDB, acusado pelo senador Jarbas Vasconcellos (PE) de ser corrupto, não foi tratada em nenhum momento do encontro. Na audiência com o presidente estavam pelo menos quatro pemedebistas: o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN); do Senado, Renan Calheiros (AL); do governo no Senador, Romero Jucá (RR) e do governo no Congresso, Roseana Sarney (MA).
Lula também quer reunir-se com mais frequência com os aliados do Conselho Político. O sonho do coordenador político do governo, José Múcio Monteiro, é que elas tenham uma periodicidade fixa, à semelhança da coordenação política, que acontece, rotineiramente, às segundas. Lula avisou que o próximo encontro dos aliados será com algum ministro da área social, para que passem a ter uma visão global do governo que apoiam.
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