A tucana Yeda Crusius governa o Rio Grande do Sul há 125 semanas, mas nenhuma delas foi tão dura para ela quanto a passada, depois que VEJA revelou a existência de gravações que apontam que sua campanha eleitoral foi abastecida com recursos provenientes de caixa dois. O PT e os demais partidos de oposição redobraram seus esforços para tentar instalar na Assembleia Legislativa uma CPI. Os procuradores eleitorais reabriram as prestações de contas de Yeda e avisaram que requererão uma investigação da Polícia Federal sobre as denúncias de financiamento ilegal. Querem ainda que seu superior, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, analise se Yeda tinha dinheiro suficiente para comprar uma casa em um bairro nobre da capital gaúcha em 2006, num caso que já havia sido arquivado. Para completar, na última quinta-feira, manifestantes fizeram uma passeata em Porto Alegre, para pedir o seu impeachment. Em meio às turbulências, a governadora voou para Brasília para pedir ajuda à cúpula de seu partido. Voltou de mãos abanando.
ONDE FOI PARAR O RECURSO?
Recibo fornecido pelo PSDB mostra que o fabricante de cigarros Alliance One fez uma doação legal. Curiosamente, ela não está discriminada na prestação de contas de Yeda
A reportagem expôs áudios que estão em poder do Ministério Público Federal desde 2008. Divulgou-os depois que encontrou uma fonte fidedigna capaz de atestar sua autenticidade: a empresária Magda Koenigkan, companheira do coordenador de campanha da tucana, Marcelo Cavalcante. O ex-assessor de Yeda, que morreu afogado em Brasília em fevereiro passado, relatou nas gravações fatos que constituem crimes eleitorais. A governadora convocou uma entrevista para desqualificar as pessoas ouvidas pela revista. Também agrediu o mensageiro que lhe trouxe a notícia ruim, ao insinuar que VEJA pagou pelas informações. O problema, para Yeda, é que os indícios de caixa dois continuam aparecendo – e eles merecem ser investigados. Nos áudios, Cavalcante diz que recebeu 200 000 reais da Alliance One, uma fabricante de cigarros. A contabilidade da campanha tucana não registra a doação, mas a Alliance One enviou a VEJA uma cópia de um recibo emitido pelo PSDB. "Até declaramos a doação em nosso imposto de renda", diz Alexandre Strohs-choen, diretor da empresa. O PSDB justifica a divergência com uma explicação que simplesmente não pode ser verificada. Diz que a doação da Alliance One foi misturada a outras e incorporada a um recibo de 596 000 reais no qual foram incluídos os recursos fornecidos por companhias que também não são discriminadas.
Empresa acusada de fazer doação ilegal a Yeda Crusiusmostra recibo oficial do PSDB. O partido diz que o dinheironão aparece em suas contas porque foi misturado a outrosONDE FOI PARAR O RECURSO?
Recibo fornecido pelo PSDB mostra que o fabricante de cigarros Alliance One fez uma doação legal. Curiosamente, ela não está discriminada na prestação de contas de Yeda
A reportagem expôs áudios que estão em poder do Ministério Público Federal desde 2008. Divulgou-os depois que encontrou uma fonte fidedigna capaz de atestar sua autenticidade: a empresária Magda Koenigkan, companheira do coordenador de campanha da tucana, Marcelo Cavalcante. O ex-assessor de Yeda, que morreu afogado em Brasília em fevereiro passado, relatou nas gravações fatos que constituem crimes eleitorais. A governadora convocou uma entrevista para desqualificar as pessoas ouvidas pela revista. Também agrediu o mensageiro que lhe trouxe a notícia ruim, ao insinuar que VEJA pagou pelas informações. O problema, para Yeda, é que os indícios de caixa dois continuam aparecendo – e eles merecem ser investigados. Nos áudios, Cavalcante diz que recebeu 200 000 reais da Alliance One, uma fabricante de cigarros. A contabilidade da campanha tucana não registra a doação, mas a Alliance One enviou a VEJA uma cópia de um recibo emitido pelo PSDB. "Até declaramos a doação em nosso imposto de renda", diz Alexandre Strohs-choen, diretor da empresa. O PSDB justifica a divergência com uma explicação que simplesmente não pode ser verificada. Diz que a doação da Alliance One foi misturada a outras e incorporada a um recibo de 596 000 reais no qual foram incluídos os recursos fornecidos por companhias que também não são discriminadas.
E ESSE MONTANTE, ONDE ESTÁ?Em e-mail, o vice de Yeda, Paulo Feijó, diz que recebeu 25 000 reais de uma concessionária de automóveis. Esse valor também não foi declarado pelo PSDB
Um outro caso ainda mais intrigante transpira da correspondência eletrônica do vice-governador, Paulo Feijó, do DEM, que participou da arrecadação da campanha de Yeda. Depois da eleição, Feijó brigou com a titular e passou a denunciar operações de caixa dois da governadora. Chegou a elaborar um dossiê com os e-mails que trocou durante a eleição. Desse material, sobressaem as negociações para uma doação da Simpala, uma concessionária GM que não está listada entre os doadores oficiais de Yeda. Nos e-mails reunidos por Feijó, quem fala em nome da Simpala é o gerente de relações institucionais da GM, Marco Kraemer. Procurado por VEJA, Kraemer confirmou que a correspondência é sua, mas negou seu conteúdo. "Os e-mails são meus, mas jamais intermediei doações", diz. Não é o que se vê na sequência da correspondência. Na primeira semana de setembro de 2006, ele escreveu: "Está confirmado... Favor procurar (...) o diretor da Simpala. (...) Farei o possível para estar presente". No dia 8 do mesmo mês, Feijó enviou a Rubens Bordini, então tesoureiro da campanha de Yeda e hoje vice-presidente do Banrisul, a seguinte mensagem: "Recebi R$ 25 000 em cash da simpala (sic)". Bordini respondeu: "Que sorte que o pacote não estava bem feito e tiveste que reforçá-lo. Agradeço os brindes que são de muito bom gosto e muito úteis". Procurado por VEJA, o vice-governador esclareceu que os brindes aos quais o tesoureiro se refere são agendas e garrafinhas da academia de ginástica que pertence a Feijó, a Body One. Ele afirma que enviou o dinheiro a Bordini dentro de uma mochila da mesma academia. O ex-tesoureiro diz que o PSDB o proíbe de esclarecer assuntos relativos à campanha. Pelo que se vê nas ruas de Porto Alegre, é melhor que o partido reveja essa orientação.
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