Um dos fatos políticos mais relevantes da semana será a reunião dos senadores do Democratas amanhã para tirar uma posição sobre o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Que ninguém espere uma defesa apaixonada do ex-presidente da República que tanto serviu ao ex-PFL. Nem pedras ou algo ao estilo “Fora Sarney” ou mesmo um “sai daí, rapidinho”, como Roberto Jeferson (PTB) propôs no passado ao então ministro da Casa Civil, Jose Dirceu, quando o mensalão veio à tona.
O DEM irá cobrar explicações sobre fatos específicos como a história do neto de Sarney que tratava de empréstimos consignados no Senado. E vai torcer para que o presidente da Casa dê uma resposta que permita aos seus senadores chegar ao eleitorado e dizer que está tudo explicado. Pelo menos, o líder do Democratas, Agripino Maia, está nessa toada.
O meio-termo do DEM em relação a Sarney tem diversas razões. Primeiro, toda a história do antigo PFL está intrinsecamente relacionada a Sarney. São filhos da mesma costela. Foi por sua causa que o PFL nasceu, ávido para pular no barco de Tancredo Neves à Presidência da República. O tempo passou, o PFL mudou de nome, se modernizou, mas seus senadores não querem escorraçar Sarney da Presidência do Senado.
Discurso 2010
A intenção dos democratas de preservar Sarney não se deve apenas à memória de um relacionamento frutífero entre o peemedebista e os democratas. Serve também ao presente, onde o PFL, digo, o DEM está muito bem sentado na Primeira-Secretaria do Senado, com o senador Heráclito Fortes, do Piauí. Heráclito está hoje com a faca e o queijo na mão para, de próprio punho, alavancar a ressurreição do Senado perante os olhos da opinião pública.
Essa perspectiva de mostrar serviço — e um serviço que o país aplaudirá, ainda que tardio — faz com que o DEM pense duas vezes antes de trocar Sarney por um outro presidente que deseje assumir as funções administrativas da Casa, seja do PMDB ou de outro partido. E nesse campo, algumas dúvidas assaltam hoje os democratas: e se toda a base do governo resolve se juntar e eleger um nome novo para comandar a Casa? O que fariam os DEM e tucanos nesse barco? Por isso, hoje, dizem os integrantes do partido em conversas reservadas, é melhor um Sarney, ainda que enfraquecido, do que um discurso perdido.
O DEM não quer, nem de longe, correr o risco de passar essa missão para frente. Afinal, seus maiores estrategistas vêem aí a chance de virar a mesa eleitoral. Afinal, hoje, salvo raríssimas exceções, como o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o partido não está com essa bola toda pra as eleições estaduais. A moralização do Senado pode lhe dar um novo verniz e melhorar a imagem.
Mas, para se manter coerente a esse discurso, o DEM precisa cobrar as explicações sobre o neto de Sarney. Se deixar passar em branco, ficará a imagem de que concorda com tudo e de que é apenas um na multidão de apoios sarneyzistas. E o DEM quer marcar a diferença, mostrar que, embora tenha apoiado Sarney por unanimidade no início do ano, esse apoio tem limites.
Sarney, da sua parte, terá que usar essas duas semanas que restam antes do recesso para encerrar os trabalhos de cabeça erguida, livre de ter que dar novas explicações. E aproveitará esse tempo para deixar seus votos dentro do cercadinho. Afinal, ele tem tido apreço de alguns senadores que nunca pensou ter, como foi o caso do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
No dia em que Sarney desceu da tribuna, depois do discurso em que se referiu à crise como um problema de todo o Senado, Collor foi o primeiro a abraçá-lo no plenário. A cena daquele gesto fraternal da parte de Collor — que chegou ao poder, pela primeira vez eleito em 1989, chamando Sarney de tudo, menos de santo — certamente ficará na história do Brasil. Assim como a biografia de um ex-prsidente que foi tudo e agora luta para sobreviver politicamente em meio a tantos furacões.
O DEM irá cobrar explicações sobre fatos específicos como a história do neto de Sarney que tratava de empréstimos consignados no Senado. E vai torcer para que o presidente da Casa dê uma resposta que permita aos seus senadores chegar ao eleitorado e dizer que está tudo explicado. Pelo menos, o líder do Democratas, Agripino Maia, está nessa toada.
O meio-termo do DEM em relação a Sarney tem diversas razões. Primeiro, toda a história do antigo PFL está intrinsecamente relacionada a Sarney. São filhos da mesma costela. Foi por sua causa que o PFL nasceu, ávido para pular no barco de Tancredo Neves à Presidência da República. O tempo passou, o PFL mudou de nome, se modernizou, mas seus senadores não querem escorraçar Sarney da Presidência do Senado.
Discurso 2010
A intenção dos democratas de preservar Sarney não se deve apenas à memória de um relacionamento frutífero entre o peemedebista e os democratas. Serve também ao presente, onde o PFL, digo, o DEM está muito bem sentado na Primeira-Secretaria do Senado, com o senador Heráclito Fortes, do Piauí. Heráclito está hoje com a faca e o queijo na mão para, de próprio punho, alavancar a ressurreição do Senado perante os olhos da opinião pública.
Essa perspectiva de mostrar serviço — e um serviço que o país aplaudirá, ainda que tardio — faz com que o DEM pense duas vezes antes de trocar Sarney por um outro presidente que deseje assumir as funções administrativas da Casa, seja do PMDB ou de outro partido. E nesse campo, algumas dúvidas assaltam hoje os democratas: e se toda a base do governo resolve se juntar e eleger um nome novo para comandar a Casa? O que fariam os DEM e tucanos nesse barco? Por isso, hoje, dizem os integrantes do partido em conversas reservadas, é melhor um Sarney, ainda que enfraquecido, do que um discurso perdido.
O DEM não quer, nem de longe, correr o risco de passar essa missão para frente. Afinal, seus maiores estrategistas vêem aí a chance de virar a mesa eleitoral. Afinal, hoje, salvo raríssimas exceções, como o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o partido não está com essa bola toda pra as eleições estaduais. A moralização do Senado pode lhe dar um novo verniz e melhorar a imagem.
Mas, para se manter coerente a esse discurso, o DEM precisa cobrar as explicações sobre o neto de Sarney. Se deixar passar em branco, ficará a imagem de que concorda com tudo e de que é apenas um na multidão de apoios sarneyzistas. E o DEM quer marcar a diferença, mostrar que, embora tenha apoiado Sarney por unanimidade no início do ano, esse apoio tem limites.
Sarney, da sua parte, terá que usar essas duas semanas que restam antes do recesso para encerrar os trabalhos de cabeça erguida, livre de ter que dar novas explicações. E aproveitará esse tempo para deixar seus votos dentro do cercadinho. Afinal, ele tem tido apreço de alguns senadores que nunca pensou ter, como foi o caso do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
No dia em que Sarney desceu da tribuna, depois do discurso em que se referiu à crise como um problema de todo o Senado, Collor foi o primeiro a abraçá-lo no plenário. A cena daquele gesto fraternal da parte de Collor — que chegou ao poder, pela primeira vez eleito em 1989, chamando Sarney de tudo, menos de santo — certamente ficará na história do Brasil. Assim como a biografia de um ex-prsidente que foi tudo e agora luta para sobreviver politicamente em meio a tantos furacões.
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