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26 de fevereiro de 2008

Sequestrada, médica tem pulso cortado e é obrigada a pular de ponte a 15 metros


Uma médica vítima de um seqüestro relâmpago dirigiu três horas ameaçada por um estilete, teve os pulsos cortados, foi empurrada de uma ponte a 15 m de altura e, embora não soubesse nadar, ficou sete horas imersa no rio Paraíba do Sul, em Taubaté (140 km de São Paulo), agarrada ao mato para não se afogar -foi salva porque dois jovens a ouviram gritar.

O crime foi entre a noite da última quinta-feira e a manhã de sexta. Bruna (nome fictício), 49, foi abordada por dois homens ao sair de uma farmácia -um deles tinha uma faca. Ela entrava no carro, um Fiat Uno. O veículo acabou não sendo roubado -os criminosos fugiram com R$ 200.

Antes de os criminosos escaparem, Bruna teve que dirigir pela rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro, que liga Taubaté a Campos do Jordão. No km 7, na altura de uma ponte, foi obrigada a descer. A ordem dos ladrões: que ela pulasse no rio.
"Um deles falou: "Pula!'" disse a médica ontem. Ela tentou resistir, implorou, mas não conseguiu demovê-los. Por fim, agarrou-se a um guard-rail. "Tentei impedi-lo, mas senti que ele me empurrou." Para ela cair, cortaram-lhe os pulsos -a médica levou nove pontos.

Os ladrões fugiram a pé. Começou, aí, outro tormento para Bruna. Sem saber nadar, ela se agarrou à vegetação assim que caiu no rio. "Em alguns momentos, sentia meu coração bater fraco, muitas câimbras e soltava um pouco a mão da planta [em que estava agarrada]. Pensava que poderia não sair dali", afirmou.

O dia já havia amanhecido quando ela conseguiu firmar a mão em um galho, no leito do rio, e gritar por socorro. Dois rapazes que passavam de bicicleta a escutaram -eles chamaram, então, os bombeiros, que a levaram para um hospital.

Bruna não consegue entender a razão da crueldade dos ladrões. Segundo a médica, a dupla de assaltantes era bem jovem e aparentava estar sob efeito de drogas. "Eles não sabiam o que fazer, só ficavam rodando em bairros periféricos. Mas nunca, nunca mesmo, imaginei que me mandariam pular dentro do rio. Até então, estava tranqüila. Não reagi, não buzinei, não ameacei", relata. Ela ainda não faz planos para o futuro. "Vou deixar para pensar nisso na semana que vem."

Remédios

Desde o seqüestro relâmpago, Bruna dorme à base de remédios. "Acordo à noite e as imagens voltam à minha cabeça, principalmente o momento em que eu estava na água."
Ela foi para Taubaté em 1991 -antes, vivia em São Paulo com o marido, também de 49 anos. O casal não tem filhos.

Católica praticante e devota de São José, a médica mantém um altar para orações em casa. "O padre pediu para que eu rezasse por eles [os assaltantes], mas ainda não consegui. Gostaria de não encontrá-los", disse. Está aqui na folha. Seria o caso de perguntar para o prefeito louco kassab e para o governador mafioso Serra, se a segurança de São Paulo serve para a familia dele,quando saem as ruas.

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