"O Carnaval de São Paulo virou uma coisa grande. Os carros são sempre grandes." Essa pérola, do comentarista da Globo Maurício Kubrusly, resume a primeira transmissão em alta definição do Carnaval paulistano. Tecnicamente (não artisticamente), a imagem digital estava impecável. Mas faltaram som e informações. Sobraram clichês, comentários irrelevantes, constatações óbvias e falso entusiasmo.
Com frases do tipo "O Carnaval é uma prova de que é possível falar sem palavras", o comentarista Maurício Kubrusly "prova" que existe coisa mais chata do que ver desfile pela TV: ouvir os comentaristas de Carnaval na TV. Ainda mais quando o repórter da Globo divide a função com a sambista Lecy Brandão.
Lecy passa a metade do Carnaval chamando as baianas de "tias" e os sambistas por apelidos. Na outra metade, ela faz jabá para os amigos. "A confecção dessa roupa, que é muito bonita, foi feita [sic] pelo Fábio Santos" é apenas um exemplo.
A superficialidade é uma barreira. Lecy disse que o Carnaval de 2008 seria um "divisor de águas". Por quê? Quem sabe em 2009 ela responde.
A Globo levou uma dezena de repórteres ao sambódromo. Mas eles só apareciam nos intervalos, quase sempre inaudíveis, para informar que havia "uma emoção muito grande" e "expectativa total".
Renata Ceribelli e Chico Pinheiro, os âncoras, deram um show de clichês: "Olha aí que bonita a arquibancada", "Essa energia toda", "Olha que bonita a escola", "Olha que imagem bonita", "Olha que luxo essa fantasia", "Olha que alegria", "Olha aí a emoção...", "Olha a beleza desse casal de mestre-sala e porta-bandeira", "O sambódromo é um tapete de alegria", repetiam.
O áudio ruim foi outra característica marcante. Havia um "delay" entre o som do sambódromo, muito baixo, e o da TV. E foi um fiasco a tentativa de medir os batimentos cardíacos dos músicos. Numa das poucas vezes em que isso ocorreu, o coração do sambista saltou de 80 para 170 batimentos, do repouso para o máximo.
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