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4 de fevereiro de 2008

Folia de bilionário na Rocinha



À beira da piscina de Betsy Monteiro de Carvalho, no Rio, o bilionário mexicano Ricardo Salinas está sentado com sua mulher, María. Terceiro homem mais rico do México, com uma fortuna de US$ 4,6 bilhões (ficou em 172º na lista dos homens mais ricos do mundo da revista "Forbes" de 2007), ele veio ao Brasil para passar o Carnaval e ter diversas reuniões de negócios.


Salinas vai abrir aqui um braço da rede de varejo Elektra, a maior do México, quer virar sócio do bispo Edir Macedo na TV Record no Brasil e importar conteúdo da emissora para sua TV Azteca (segunda maior de seu país), além de trazer para cá o banco Azteca. "A favela da Rocinha [no Rio] vai precisar de várias agências. É muito grande", disse à coluna, durante o jantar, na sexta-feira.

FOLHA - Quais são seus projetos para o Brasil?

RICARDO SALINAS - Vou passar o Carnaval aqui no Rio de Janeiro [risos].

FOLHA - O senhor vai mesmo instalar a Elektra no Nordeste?

SALINAS - Sim. Vamos começar pelo Recife e, depois, Olinda.

FOLHA - Por que exatamente no Nordeste?

SALINAS - Porque é a terra do presidente Lula [longa gargalhada]. É porque são os lugares de pessoas mais necessitadas. Precisamos ajudá-las. E lá não existe concorrência.

FOLHA - O senhor já foi acusado de ficar bilionário por cobrar altos juros da população de classe baixa seu país, o México.

SALINAS - Veja, quando se faz um empréstimo de 100 milhões de dólares é diferente de quando se faz um de cem dólares. É como se diz: quando não se tem dinheiro, qualquer dinheiro é caro.

[A mulher de Salinas interrompe]:
MARÍA - Melhor que nada.

FOLHA - A Elektra se parece com a brasileira Casas Bahia?

SALINAS - Pode-se dizer que sim. Mas, além da loja, temos um banco.

FOLHA - E a crise dos EUA?

SALINAS - A crise nos Estados Unidos afeta a todos. Mas ao Brasil nem tanto. No México, costumamos dizer que, quando os Estados Unidos ficam gripados, nós temos pneumonia.

FOLHA - Como estão as negociações com a Rede Record?
SALINAS - Estamos rogando a Deus [abre os braços e aponta para o céu].

FOLHA - Rogando ao bispo [Edir Macedo], no caso?
SALINAS - Sim, sim [risos]. Queremos fazer um intercâmbio entre as nossas produções e as produções brasileiras. A TV Azteca começou há apenas 14 anos e já é dona de 45% da audiência do país.


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