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3 de março de 2010

Lula apela contra 'terrorismo' eleitoral

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que as eleições de outubro não podem mais causar qualquer cenário de "terrorismo" no Brasil. A declaração do presidente tinha como alvo as possíveis oscilações nos mercados financeiros provocadas por pesquisas eleitorais que apontam queda ou alta de determinados candidatos.

"Não existe a possibilidade de quem quer que seja estragar o que está acontecendo neste país", afirmou o presidente. "Não acreditem e não aceitem aquela ideia imbecil que se falava neste Brasil, que se ganhar fulano vai estragar tudo. Não existe essa hipótese. Fizeram muito terrorismo contra mim durante as eleições que disputei."

"O natural é fazer mais e fazer melhor" , afirmou Lula, em relação às ações do governo, sobretudo no combate à crise financeira mundial. Segundo ele, a equipe econômica fez apenas o óbvio para tirar o Brasil da crise. O presidente ainda aproveitou para alfinetar os países desenvolvidos. "A verdade é que o Brasil estava mais preparado e consciente. Se o mundo tivesse dado os passos que o Brasil deu, o Lehman Brothers não teria quebrado e o crédito não teria desaparecido."

Lula deu as declarações durante almoço com empresários do setor automotivo. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, o evento foi uma homenagem a Lula e a seu governo pelas ações no combate à crise.

Mais cedo, na cidade paulista de Sorocaba, o presidente participou da inauguração da unidade industrial de tratores da Case New Holland. Em discurso acompanhado pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e pelo governador de São Paulo, José Serra, tidos como adversários nas eleições presidenciais deste ano, Lula afirmou que "a arte da boa governança é fazer o óbvio" . Comentando que política não se aprende na faculdade, ele afirmou que "as coisas mais corretas que fazemos é aquilo que parece o óbvio, mas as pessoas não fazem... Porque na política a gente não inventa."

No discurso em Sorocaba, Lula defendeu a necessidade de um Estado forte - não no sentido de empresa, mas como "indutor e regulador" da economia. Também lembrou que a oferta de crédito cresceu em seu governo, "de R$ 381 bilhões para R$ 1,41 trilhão", mas, segundo o presidente, "o crédito no Brasil ainda não é tudo o que nós queremos" .

Reservou ainda uma alfinetada indireta aos seus antecessores no poder, que resumiu numa metáfora do futebol. Segundo Lula, antes de seu governo, o "Brasil vivia assustado" e "pesado" como o time do Corinthians hoje. O Santos, com quem o time do presidente jogou no domingo e para quem perdeu, tem "leveza e irreverência" que assustaram os corintianos.

Dilma e Serra também discursaram na cerimônia de inauguração da fábrica em Sorocaba e compararam as atuações dos governos federal e paulista durante a crise financeira global.

"Sem sombra de dúvida, 2008 e 2009 teve por parte do governo do presidente Lula a firme determinação no sentido de não deixar que a crise nos abatesse", destacou Dilma. "Essa determinação beneficiou o Brasil como um todo, mas beneficiou de uma forma especial São Paulo, porque São Paulo é hoje um dos maiores centros produtores de máquinas e equipamentos do Brasil", acrescentou.

Serra elogiou as medidas do governo federal que ampliaram o crédito no país. Lembrou, no entanto, que seu governo fez o mesmo até vender a Nossa Caixa para o Banco do Brasil:"Conseguimos manter um nível de investimentos em 2009 que foi o mais elevado da nossa história por parte do governo do Estado, que ajudou muito a manutenção do nível de emprego e de ocupação em todo o território paulista."

O presidente Lula sinalizou que o governo continuará a trabalhar para elevar o volume de crédito do Brasil. Segundo ele, o crédito cresceu de R$ 381 bilhões, em 2003, para R$ 1,41 trilhão: "Hoje o crédito no Brasil ainda não é tudo o que nós queremos."

O presidente voltou a enaltecer a atuação dos bancos públicos nos últimos meses, e disse que, se possível, teria reforçado ainda mais essa frente de batalha do governo federal contra os efeitos da crise financeira global: "Não vacilei em comprar o banco do Serra. Se tivesse mais banco para vender, eu ia comprar para transformar o Banco do Brasil no banco mais importante deste país para financiar o crédito."

O presidente voltou a defender a continuidade da política econômica do seu governo. "Uma empresa, como essa, se não houver sequência ao que vem acontecendo no Brasil para que essa empresa possa vender mais, da mesma forma que abriu, ela fecha como outros momentos da história do país", disse. Para Lula, a inauguração de uma fábrica é como o "nascimento de uma criança".

Serra e Dilma tentaram se mostrar mais próximos do público durante a inauguração. A ministra começou seu discurso pedindo licença para quebrar o protocolo e saudar o trabalhador. Ela disse que a fábrica, que teve investimento de R$ 1 billhão, combina a força dos empresários com a capacidade e empreendedorismo dos trabalhadores.

Serra também falou ao trabalhador lembrando de sua origem humilde no bairro da Mooca, na Zona Leste de São Paulo. "Tenho identificação com a indústria na minha origem. Sou de bairro operário, de uma vila na Mooca. Morei em uma casa que era pegada a uma fábrica e que tinha caldeira vibrando dia e noite. Quando desligava a caldeira eu não conseguia dormir. A indústria está muito associada à minha infância e ao desenvolvimento", disse Serra.

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