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13 de julho de 2009

"Michael tinha a palavra final em tudo"


"Último saxofonista a tocar com Michael Jackson", o brasileiro Miguel Gandelman, 26, filho do também músico Leo Gandelman, teve o "privilégio" de presenciar o astro dançando a música "Thriller" a "três passos" de distância. Aconteceu no começo de maio, em Los Angeles, onde Gandelman e sua banda, The Horne, faziam testes para compor o que deveria ser a "última turnê" do ídolo pop.

De Milwaukee, nos Estados Unidos -onde estava na quinta-feira para tocar com o grupo Jonas Brothers-, Gandelman falou por telefone à coluna.

FOLHA - Como foi tocar com Michael Jackson?

MIGUEL GANDELMAN - A banda foi disposta de forma que ele ficasse de frente pra gente. O cara estava a três passos de mim. A gente olhando nos olhos dele. [Vimos de perto] ele dançando, sorrindo, gritando e fazendo as "paradas" dele.
Tocamos "Thriller", "Jam", "The Way You Make me Feel", "Wanna Be Starting Something". Eu fui o último saxofonista a tocar com o Michael. Tive o privilégio de ter feito ele dançar com a minha música. Isso é uma coisa divina que eu vou guardar para o resto da minha vida.

FOLHA - Ele dava palpites no trabalho dos músicos?

GANDELMAN - O Michael era o cara que tinha a palavra final em tudo o que acontecia na produção. Ele dirigia a música inteira, do tom da guitarra ao "groove" (suingue) da bateria. Ele dizia: "O som não é esse, é mais assim, é mais assado". Ele era um dos artistas mais completos que eu já vi.

FOLHA - Ele aparentava que estava doente?

GANDELMAN - Ele estava com uma camiseta normal, branca, e com um jeans. Este negócio que diziam que ele tinha hematomas no braço... não tinha nada disso. A cara e a voz dele não tinham nada de diferente. Ele era um ser humano normal, um homem normal. Ele sempre foi uma pessoa magra, mas nada de "Ai, meu Deus, coitado desse cara".

FOLHA - Vocês notaram alguma bizarrice?

GANDELMAN - Ele era uma pessoa muito tímida, só isso. Mas você sentia a pureza, a "vibe", a aura, o quão puro o cara era. Ele era uma pessoa muito abençoada, uma pessoa divina.

FOLHA - Mesmo se ele não tivesse morrido, esta seria a última turnê?

GANDELMAN - Todos nós sabíamos. A gente sabia qual era o projeto. O diretor musical, Michael Bearden, queria fazer desta última turnê do Michael a maior, visual e musicalmente.

FOLHA - E o que os fãs vão deixar de ver?

GANDELMAN - Michael Jackson estava com todo um repertório novo de danças, que ninguém nunca tinha visto. A gente é amigo dos bailarinos que faziam parte da turnê. Eles disseram que ficaram chocadíssimos quando viram o Michael no ensaio fazendo novos movimentos e novas "sacações" de dança que ele nunca tinha feito.

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