Uma campanha publicitária da Relish, uma rede de roupas femininas da Itália, revoltou as autoridades municipais e estaduais do Rio. Espalhadas em outdoors pelas cidades de Milão, Bolonha e Nápoles, as imagens mostram modelos aparentemente estrangeiras sendo abordadas e revistadas de forma abusiva e agressiva por policiais militares fardados. Em uma das fotos, na Praia de Ipanema, um PM com a farda do 22º Batalhão de Polícia Militar (BPM) do complexo da Maré, na zona norte, coloca a mão por baixo da saia da modelo.
Em nota, o secretário Turismo e presidente da Riotur, Antonio Pedro Figueira de Mello, repudiou a propaganda e informou que enviará à embaixada italiana um pedido de retirada imediata da propaganda das ruas. "Esse tipo de publicidade desrespeita não só a corporação da Polícia Militar como compromete a imagem do Rio de Janeiro e a dos próprios cariocas. É lamentável que fatos desrespeitosos e preconceituosos como esses ainda ocorram em pleno século XXI", afirma o secretário na nota. Apesar da semelhança, a PM informou que a farda não é oficial, mas garantiu que investigará o caso.
As fotos também ilustram o site da Relish. Apesar de na vida real o patrulhamento da orla de Ipanema ficar a cargo do 23º BPM do Leblon, na propaganda da loja policiais do 22º BPM abordam e prendem as duas italianas após o carro em que elas viajam enguiçar na orla. Em uma das fotos, um PM imobiliza a mulher no chão enquanto ao fundo outro policial segura a outra pelo pescoço. "A campanha é de mau gosto sob vários aspectos. É machista e reforça a associação perversa entre sexo e violência. Mas não é nem a primeira nem a última campanha publicitária a se valer desses elementos", afirmou a socióloga da Fundação Getúlio Varas, Bianca Freire Medeiros, autora do livro "O Rio de Janeiro que Hollywood inventou". No entanto, ela ressalta que a imagem do Rio que circula no mercado turístico global combina elementos sintetizados na propaganda italiana.
"Somos um paraíso tropical, mas também somos o lugar do risco e da violência. Gostemos ou não, precisamos admitir nosso quinhão de responsabilidade na produção e circulação dessa imagem de um Rio corrupto e violento".
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