Dem não toma atitude, espera Demóstenes pedir para sair
Preocupados com o impacto eleitoral do escândalo envolvendo o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), parlamentares democratas já articulam a expulsão do ex-líder do partido. As denúncias que envolvem Demóstenes, sob ameaça de responder a processo de quebra de decoro parlamentar, acenderam a luz amarela no projeto político do partido.
Reservadamente, caciques estão receosos de que as acusações que pesam contra o senador respinguem nas disputas a prefeito das principais capitais.
A cúpula do partido deu-lhe ultimato: ou explica de forma convincente até terça-feira seu real envolvimento com o empresário do ramo de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, ou responderá a processo de expulsão. A cobrança foi feita pelo presidente do partido, senador José Agripino (RN), o líder da bancada na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), e o deputado Ronaldo Caiado (GO).
ACM Neto, pré-candidato do DEM a prefeito em Salvador, admitiu que a situação de Demóstenes se “agravou” nos dois últimos dias, após a divulgação de novos grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal que revelam uma relação próxima do parlamentar com Cachoeira.
Além de ACM Neto, o deputado federal Rodrigo Maia também concorrerá a prefeito, no Rio de Janeiro. A sigla ainda cobra de José Serra a vice na chapa à Prefeitura paulistana. Até o mês passado, o próprio Demóstenes quase fez parte dessa estratégia. O senador cogitava disputar a prefeitura de Goiânia. Desistiu, para tentar em 2014 o governo do Estado ou mesmo à Presidência. Agora, corre o risco de sair do partido e perder o mandato.
O lançamento de candidaturas competitivas do DEM tinha como objetivo recuperar o terreno e o prestígio que o partido perdeu nos últimos três anos, após dois acontecimentos: a criação do PSD no ano passado, partido que o desidratou, e o escândalo do “mensalão do DEM”, que levou à prisão o ex-governador do DF José Roberto Arruda.
ACM Neto não acredita que as acusações envolvendo Demóstenes possam atrapalhar os planos eleitorais do partido. “É caso isolado em Goiás.”
Corrida contra o tempo
Demóstenes corre contra o tempo. Seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, só teve acesso a todo o inquérito contra o senador no Supremo Tribunal Federal (STF) ontem, no início da noite. Segundo ele, seu cliente não lhe disse se vai deixar o DEM.
Nos bastidores, porém, a cúpula partidária, especialmente os caciques-candidatos, tem pressionado Demóstenes a deixar a legenda por vontade própria. Querem assim evitar que as denúncias respinguem na legenda. Acreditam que o senador não tem mais condições de esclarecer o relacionamento que teve com Carlinhos Cachoeira.
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